Lima faz edição do Pan sem luxo e é exemplo de bom orçamento

Edição de 2019 gastou R$ 4,4 bilhões na preparação, menos em números atualizados do que os Jogos do Rio de Janeiro, em 2017. Organização contratou consultoria inglesa para inspecionar tudo e evitar novos casos de corrupção

Legenda: Pan de Lima custou R$ 4,4 bilhões e não ultrapassou orçamento previsto
Foto: CRIS BOURONCLE/AFP

Os Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 começam na próxima sexta-feira (26) e são exemplo de gestão, se comparados a outras edições. A capital peruana comemora o fato de que, mesmo com muitos problemas durante a preparação do evento, o orçamento tenha se mantido dentro do previsto. A organização gastou, ao todo, R$ 4,4 bilhões (US$ 1,2 bilhão), para montar todas as estruturas necessárias para receber, atletas, dirigentes e realizar as disputas dos esportes.

A edição de Lima é considerada, inclusive, sem luxos. Para servir de comparação, o Rio de Janeiro, que sediou o evento em 2007 investiu R$ 3,2 bilhões (US$ 1,7 bilhão), que em números atualizados correspondem a R$ 6,3 bilhões. Ou seja, o evento peruano, com os números atuais, torna-se mais barato.

Naquela época, a justificativa maior para os gastos altos do Rio de Janeiro era a luta para ter uma edição dos Jogos Olímpicos anos depois. E nada melhor do que organizar um Pan com o maior esmero possível. O Rio sediaria o evento em 2016. Essa pretensão está longe de ser a mesma do Peru, que tem o objetivo de provar que os escândalos de corrupção recentes, envolvendo até ex-presidentes não contaminaram o evento.

Estrutura

O Pan de Lima será disputado em 17 dias e terá cerca de 6.700 atletas, de 42 países. Estes competirão em 38 esportes e 62 modalidades esportivas. Para receber tudo isso, os organizadores ergueram instalações funcionais, priorizando a qualidade e sem construir os famosos "elefantes brancos", que sempre ficam sem utilidade depois.

E olha que a capital peruana esteve perto de perder o direito de realizar as disputas porque todas as obras estavam atrasadas no cronograma a menos de três anos do início da competição.

Isso fez com que o Comitê Organizador reavaliasse a propostas e contratasse uma consultoria inglesa - a mesma que organizou os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2012, em Londres. A cota extra foi de R$ 262 milhões (US$ 70 milhões).

No entanto, era a garantia de que tudo o que havia sido investido, até então, fosse desperdiçado.

Quanto custou

A Vila Deportiva Nacional (Videna) foi a obra mais cara do Pan de Lima. O aparelho custou R$ 752 milhões (US$ 201 milhões). O local abrigará a maior quantidade de esportes: 17 dos 38.

As demais grandes sedes das competições custaram, em ordem decrescente: Villa Maria del Triunfo, R$ 251 milhões (US$ 67 milhões), Vila Regional del Calao, R$ 168 milhões (US$ 45 milhões), e Vila El Salvador, R$ 112 milhões (US$ 30 milhões).

A Vila Pan-Americana teve o projeto remodelado após a obra atrasar. No novo modelo, terá sete prédios: quatro com 20 andares e três com 19 andares, em um total de 1.096 apartamentos. O custo final foi de R$ 299 milhões (US$ 80 milhões).