Karatê e inclusão social

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Projeto implantado na cidade de Pacajus usa a milenar arte marcial para promover inclusão social, com ação de voluntários

Adultos e crianças portadores de necessidades especiais recebendo normalmente aulas de karatê é uma cena pouco comum nas tradicionais academias espalhadas pelo Estado.

Mas na cidade de Pacajus um projeto denominado "É preciso saber viver" utiliza a citada modalidade para promover a inclusão social dos deficientes visuais e portadores da Síndrome de Down daquele município.

Socialização

Idealizador desse projeto, Adolfo Aguiar fala sobre a pioneira iniciativa. "Eu tenho dois filhos, Adolfo Aguiar Filho e Beatriz Darley Aguiar, que praticam o karatê e sempre os acompanhei na atividade esportiva. Mas tinha vontade de ver pessoas com dificuldade de se integrar à sociedade, como deficientes visuais e portadores da Síndrome de Down, praticando o karatê também". E para plantar a semente do projeto "É preciso saber viver" Adolfo conversou com o professor Ivanildo Soares, que não só aprovou como aceitou colaborar com a iniciativa. "E desde então a gente vem batalhando para atrair pessoas com necessidades especiais para o projeto", afirmou Adolfo.

Gratuito

Os para-atletas que integram o projeto "É preciso saber viver" , cujas aulas são ministradas na Fundação Maloca dos Brilhantes, contam com apoio total. "Nós começamos a trabalhar com o projeto há quatro meses, mas é difícil conseguirmos para-atletas. Fizemos um sacrifício e compramos um tatame justamente para atrair mais atletas especiais, contudo, essas pessoas geralmente são reservadas e não se enturmam com facilidade", explicou Adolfo. E ele prosseguiu: "Mas a gente vem tentando aumentar o número de karatecas especiais. Nós bancamos tudo e quem sabe, um dia, com essa ajuda, possamos chegar até numa Paraolimpíada com esses meninos? O sonho é esse", completou o benfeitor.

Detalhe

Mas além do foco nas pessoas com necessidades especiais, o projeto idealizado por Adolfo Aguiar também abriga alunos não-especiais. "Além dos dois alunos especiais, contamos também com karatecas não-especiais. No grupo são 140 integrantes. Eles não pagam para participar das aulas. As mães dos atletas que não têm problemas colaboram fornecendo os quimonos, porém, os alunos especiais recebem material do nosso projeto. E quando há um campeonato pagamos inscrição, alimentação para os atletas e as mães, e ainda ajudamos com o transporte se a competição acontecer em Fortaleza", concluiu Adolfo.

Aproveitamento

Para o professor Ivanildo, que comanda a equipe que atua no projeto É preciso saber viver, "a facilidade de dar aulas é muito favorável, porque eles aprendem rápido, principalmente os atletas especiais, que são nosso principal público-alvo. É prazeroso participar do projeto", ressaltou o mestre do karatê, que trabalha como voluntário. E Ivanildo salientou que "seu trabalho voluntário faz com que os alunos se dediquem nos treinos. Eles dizem: ´Professor, o senhor trabalha de graça pra gente, então vamos retribuir conquistando medalhas para o senhor´".

Saiba mais

Colaboradores

Além do professor Ivanildo, que coordena as aulas do projeto É preciso saber viver, atuam como colaboradores os professores Agamenon Lima, Cristian Soares e Francisco Soares, ambos irmãos de Ivanildo

Equipamento

Para receber os alunos com necessidades especiais no projeto foi adquirido um tatame zero bala por 3,6 mil reais

Locais

Todos os alunos que participam do projeto idealizado por Adolfo Aguiar residem no município de Pacajus e a maioria é oriunda de famílias carentes

Contribuição

A prefeitura de Pacajus colabora com o projeto É preciso saber viver, mas os parceiros Adolfo e Ivanildo esperam sensibilizar o secretário Ferruccio Feitosa, da Secretaria do Esporte do Estado (Sesporte), principalmente na cessão do ginásio da cidade para a realização de um campeonato no dia 30/05


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