Gestão compartilhada do Castelão agrada e pode evitar licitação

Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, o secretário de Esporte e Juventude do Estado, Rogério Pinheiro, afirmou que o atual modelo de administração seguirá em 2020, mas necessita de ajustes para ser definitivo

Legenda: Castelão pode não ter licitação
Foto: Kid Junior

Quando a LuArenas encerrou o contrato da parceria público-privada (PPP) da Arena Castelão, em dezembro de 2018, um movimento inédito de cooperação foi criado no Estado do Ceará. A priori, paliativo, o Governo aceitou ceder o equipamento aos clubes de futebol nos dias dos jogos enquanto uma nova licitação era aprovada. O fato é que a experiência cresceu no decorrer do último ano, foi avaliada como sucesso pelos envolvidos e hoje deixa a necessidade de uma nova empresa em xeque.

A conclusão é do próprio Rogério Pinheiro, secretário de Esporte e Juventude do Estado do Ceará (Sejuv). Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, o gestor da pasta declarou que o encerramento do processo licitatório, que atualmente está em vigor, depende apenas de uma proposta de equilíbrio financeiro das contas e gastos do estádio.

"A parceria entre Ceará, Fortaleza e o Governo deve seguir para 2020. O nosso desafio agora é equilibrar as contas, fazer com que o equipamento não seja prejuízo. Não queremos lucro, apenas que a Arena Castelão se sustente sozinha. Se conseguirmos, a PPP pode não ser mais viável. Em 2019, no nosso primeiro ano, a parceria foi benéfica para o futebol cearense", explicou.

No modelo de administração que entrou em vigor na temporada passada, os times exploravam financeiramente o estádio de forma plena (bares, estacionamentos, camarotes e venda de bebidas alcoólicas) no dia do evento, pagando 13% da renda bruta da partida ao Governo. Depois, devolviam ao poder público, que faz a manutenção estrutural.

O plano da Sejuv, então, é acrescer um maior percentual de tributo sobre o arrecadado pelas equipes, além de promover mais shows na Arena Castelão. A pauta tem sido discutida desde o fim da Série A do Campeonato Brasileiro e pode ser definida nas próximas semanas, quando uma reunião será realizada para a reabertura do equipamento, prevista para o Clássico-Rei do dia 1º de fevereiro, válido pela Copa do Nordeste.

Um passo importante no processo foi o aceito por parte das diretorias de Vovô e Leão em custear a manutenção de quatro mil cadeiras do Castelão, em investimento total de cerca de R$ 1,4 milhão - cada assento custa R$ 350. O movimento permite que a capacidade de público do estádio seja ampliado para 56 mil.

Dessa forma, o Governo pretende, através de uma licitação, instalar as restantes para deixar o equipamento novamente com 63.903 lugares.

Chance de licitação

Caso os gastos da Arena Castelão não sejam amenizados, a proposta de licitação seguirá em curso. A abertura da concessão internacional tem valor global de R$ 214 milhões, com 20 anos de duração.

Uma das pendências no contrato estudado é a incorporação da venda de bebidas por parte da empresa licitada. A Sejuv também deseja que o gestor desempenhe um trabalho de administração partilhado com as atividades do Centro de Formação Olímpica, estrutura que fica ao lado da Arena Castelão.

A PPP não garante, no entanto, que um evento festivo seja cancelado em detrimento de uma partida de futebol, o que pode impactar no calendário esportivo dos clubes.