Futebol venezuelano vive dilema devido a apagões recorrentes

Federação de futebol do País começou a remarcar os jogos para horários diurnos, mas a Associação dos Jogadores deseja que o campeonato seja paralisado por falta de condições estruturais nos estádios

Legenda: Jogadores venezuelanos querem a paralisação do Campeonato Venezuelano

A ordem da Liga e da Federação Venezuelana (FVF) é jogar, mas os atletas pediram publicamente para que os campeonatos fossem interrompidos devido à falta de condições diante dos recorrentes apagões de luz que o país sofre. A Associação de Jogadores Profissionais da Venezuela solicitou em comunicado a suspensão dos jogos da rodada do último fim de semana onde não houvesse "condições pelos problemas do sistema elétrico, água e/ou outros serviços".

Contudo, todos os confrontos do Torneio Apertura foram disputados, incluindo em cidades como Maracaibo, onde a crise é mais rigorosa. A Liga e a FVF determinaram que os duelos fossem disputados em horários diurnos, mas, na última sexta-feira, o confronto entre Zamora e Lala foi marcado às 18 horas.

Quando o cronômetro apontava 39 minutos do primeiro tempo, no Estádio La Carolina de Barinas e começava a escurecer, um súbito apagão obrigou a paralisação do jogo. A partida foi reagendada para o sábado, sendo reiniciada novamente do primeiro minuto. Mas um jogador do Lala, o meia Yorvin González, sofreu uma lesão de ligamento no joelho direito.

Durante outro apagão, iniciou-se uma busca por um centro de saúde que tivesse gerador de energia próprio para receber o atleta. "Foram momentos de angústia", declarou Del Valle Rojas, técnico do clube. "Não tem luz, não tem água, o jogador não descansa bem".

González, de 24 anos, finalmente pôde ser atendido. Com a perna engessada, viajou 14 horas pela estrada entre Barinas e Puerto Ordaz ao lado do restante do elenco.

Protesto

O momento de maior tensão foi em 10 de março, quando jogadores do Zulia e do Caracas boicotaram um jogo. Ao som do apito inicial no Estádio Romero de Maracaibo, com os vestiários sem luz ou água, os jogadores ficaram parados por um minuto. Depois, limitaram-se a tocar a bola de lado, sem atacar. O jogo foi anulado, e os técnicos tiveram que depor.

Uma das maiores estrelas venezuelanas, o atacante Richard Blanco, tomou a palavra para pedir que a decisão de continuar jogando fosse reconsiderada. "Não considero humano enfrentar uma equipe que não teve as condições necessárias para se preparar", escreveu nas redes sociais antes da partida entre sua equipe, Mineros de Guayana, e Caracas. Blanco divulgou fotos e vídeos de instalações escuras no estádio.


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