Fortaleza pode usar a Sul-Americana como estímulo para 2020

Eliminação do clube para o Independiente, da Argentina, trouxe aprendizados ao Leão para a sequência da temporada. Time foi firme diante do Rojo, criou muito perigo nos dois jogos e conseguiu consolidar um novo padrão tático

Legenda: Rogério Ceni não conseguiu levar seu Fortaleza à 2ª fase da Copa Sul-Americana

O dia 27 de fevereiro vai demorar para sair da mente do torcedor do Fortaleza. Pela festa, a Arena Castelão, o marco histórico e, sim, a eliminação nos minutos finais contra o Independiente, na Copa Sul-Americana. O discurso do técnico Rogério Ceni ao término do jogo é um sinal desse sentimento de frustração e também orgulho pela primeira participação do clube no cenário internacional. O que resta no Pici são as lições do torneio e o calendário extenso de 2020.

Em termos de desempenho, o Leão sai com a certeza do próprio potencial: tem qualidade técnica para dominar as ações, ser intenso e administrar a posse de bola no campo ofensivo mesmo diante de um rival com maior poderio econômico. Os atributos são parte do conceito imposto pelo atual comando, em filosofia que se solidificou ao longo das últimas três temporadas.

E, assim como o placar agregado foi consumado no 2 a 2, a equipe saiu do confronto com um teste consistente dos atacantes velocistas. Juntos, David, Romarinho e Osvaldo conseguiram fazer o sistema 4-2-4 funcionar, criando situações de perigo e apresentaram um entrosamento sólido apesar do pouco tempo de trabalho.

"Não faltou alma e coração, os jogos foram um presente para a torcida, mas não saímos classificados. Estou super- orgulhoso com o que Fortaleza jogou contra um dos maiores times argentinos, logo na estreia internacional. Nem com o São Paulo fui para a Argentina com uma equipe com tantas chances de gol claras. O Independiente chegou raríssimas vezes no gol do Fortaleza, foi dominado por inteiro, mas não conseguimos o terceiro gol que nos daria a classificação", frisou Ceni ao relembrar o vitória por 2 a 1.

O detalhe é que o time seguiu ofensivo, mesmo sem a presença de um centroavante: somando os dois jogos, Wellington Paulista acumulou apenas oito minutos. Assim, o Leão evoluiu taticamente e desenvolveu uma nova postura.

Ajustes e necessidades

No saldo final, o principal contraponto do Fortaleza foi a necessidade de maior eficiência, de ter nomes com poder de decisão. Tanto na Argentina quanto dentro de casa, o time desperdiçou chances nítidas de gol em excesso.

A ausência de letalidade foi determinante porque o time executou 30 finalizações e marcou apenas duas vezes, com desperdício de sete possibilidades claras de gol - dados do SofaScore, site especializado em estatísticas.

Além disso, os 180 minutos serviram para expor as limitações tricolores no elenco, principalmente no ataque. Para seguir com velocidade, Ceni gastou os três principais atletas no início e ficou sem grandes alternativas para o 2º tempo.

No Castelão, por exemplo, a saída de Osvaldo resultou na entrada de Tinga, um lateral que mudou o desenvolvimento do time e o tornou mais defensivo. O mesmo foi com Romarinho, que cedeu lugar a Marlon. Apesar do gol, o meia tem menor intensidade para puxar contra-ataque.

A prova foi importante para compreender os alvos necessários no mercado. É evidente que a busca deve ser por peças velozes, ampliando a recomposição. O processo teve início com a chegada do atacante de 20 anos Madson, que pertence ao Corinthians.

O atleta foi escolhido após análise do departamento de desempenho tricolor. O vínculo foi firmado até o fim de 2020 com opção de compra.