Flamengo e órgãos de fiscalização divergem sobre indenização

Após encontro, clube e autoridades não acertaram quanto será repassado de indenização às vítimas do incêndio no Ninho do Urubu. Enquanto o clube oferece até R$ 400 mil, órgãos pedem R$ 2 mi para famílias de garotos mortos

O Flamengo e as autoridades de fiscalização não chegaram a um acordo sobre o valor das indenizações para as famílias dos jovens jogadores mortos no incêndio no CT do clube. Com isso, Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Defensoria Pública do Estado vão à Justiça para discutir a reparação que será dada às vítimas e seus familiares.

A intenção do Flamengo era negociar um acordo por meio das autoridades e, assim, pagar as famílias das vítimas em seguida. O clube fez uma proposta de valores, mas os órgãos a rejeitaram, solicitando quantias maiores. O clube ofereceu de R$ 300 a R$ 400 mil, além do pagamento de um salário mínimo para as famílias durante 10 anos. A Câmara de Conciliação queria indenização de R$ 2 milhões, além de R$ 10 mil mensais até que os jovens completassem 45 anos.

Negativa

O time avisou que não aceitaria o valor proposto. Em nota, as autoridades de fiscalização disseram que o Flamengo "recusou-se a celebrar um acordo de reparação às vítimas". Segundo eles, "os valores apresentados pelo clube estão aquém daquilo que as instituições entendem como minimamente razoável diante da enorme perda das famílias e demais envolvidos".

Sem acordo, os órgãos vão buscar a reparação por meio de ação judicial. Ontem, a Defensoria Pública do Rio já começou a receber familiares de jogadores para realizar orientações sobre medidas e informar sobre todas as negociações realizadas com o clube.

De acordo com a procuradora do MPT e integrante da Câmara de Conciliação, cada caso foi pensado individualmente. "Tratamos de forma diferente as vítimas fatais, hospitalizadas com sequelas, as que por ventura não vão ter mais sequelas, aquelas que sofreram meramente danos morais. Os outros valores eram menores. Não houve discordância em relação aos grupos, mas aos valores", pontuou.

Condução

Por meio de nota oficial, o Flamengo defendeu sua condução do caso. Primeiro, lembrou que havia procurado as autoridades com a intenção de indenizar as famílias, tendo como objetivo uma composição amistosa. Segundo o clube, uma equipe do time participou de reuniões com autoridades a fim de estabelecer critérios para a negociação quando foi solicitado que apresentasse uma proposta.

"Nesta terça-feira (19), após reunião com autoridades daqueles órgãos, o Flamengo - independentemente de processo judicial - ofereceu, por fim, um valor que está acima dos padrões que são adotados pela Justiça brasileira, como forma de atender com brevidade as famílias de seus jovens atletas", informou. "O Flamengo teve o cuidado de oferecer valores maiores dos que estão sendo estipulados em casos similares, como, por exemplo, o incêndio da boate Kiss, ocorrido em 2013. Até hoje, vale lembrar, famílias não receberam a indenização".

Audiência

O time carioca reiterou a intenção de realizar uma audiência por meio do Núcleo de Mediação do Tribunal de Justiça do Rio, coordenado pelo desembargador Cesar Cury. Todas as famílias serão convidadas para a negociação.


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