Ex-técnicos valorizam Ceará e Fortaleza na primeira divisão

Com passagens marcantes no futebol cearense, ícones do esporte nacional dão a receita para Vovô e Leão se manterem na elite e ressaltam que planejamento é essencial para ambos terem ainda mais sucesso em 2019

Muita experiência na bagagem, assim como vários serviços prestados ao futebol é a receita para os grandes clubes da Capital cearense manterem a boa performance deste ano na próxima temporada, que promete ter muitas emoções. A reportagem do Diário do Nordeste esteve presente em São Paulo, na última segunda-feira (3), na cerimônia da 49ª Bola de Prata ESPN, e conversou com dois ícones e referências do esporte: o ex-atacante Pepe e o ex-goleiro Zetti, que brilharam em seus respectivos clubes, na Seleção Brasileira e tiveram passagens marcantes pelo futebol cearense, onde foram técnicos do Fortaleza Esporte Clube e fizeram campanhas vitoriosas.

Comandante do Tricolor do Pici no título do Estadual de 1985, Pepe vivenciou, quando jogador, a época de ouro do Santos, ao lado do Rei Pelé, e marcou nada menos que 405 gols pela equipe paulista, consagrando seu nome.

Com grande rodagem pelo futebol brasileiro e internacional, ele se disse feliz pelo Fortaleza voltar à Série A e o Ceará também se manter na elite, mas ressalta que a responsabilidade dos dois aumenta ainda mais, diante da forte concorrência entre os grandes.

"O Fortaleza sempre foi um time de muita raça, com uma torcida magnífica, assim como o Ceará, mas os clubes precisam ficar atentos aos perigos, pois o Campeonato Brasileiro é um dos mais difíceis do mundo. Eu fico muito feliz com a evolução dos dois e espero que façam bons times para o próximo ano. Ceará e Fortaleza juntos na Série A é maravilhoso para o futebol nordestino", disse o ex-atacante.

Impacto

Se Pepe levou o Fortaleza ao título de campeão cearense, o ex-goleiro Zetti foi mais além, ao conquistar o acesso para a 1ª divisão nacional em 2004. A chegada à elite por parte do Tricolor e a permanência do Ceará, na opinião do ex-goleiro da Seleção e pentacampeão na Copa de 2002, representa o maior momento da história dos clubes.

"Acima de tudo, os dois clubes têm que estar preparados para esse impacto e grande evento, que é a Série A. As cotas são melhores, mas a cobrança também é maior. O Fortaleza chega com a moral de ter sido campeão brasileiro da Série B e o Ceará fez uma campanha de recuperação incrível. Creio que os clubes têm que se unir e deixar a rivalidade apenas para dentro do campo. Fora dele é importante ter essa união para que ambos se mantenham na 1ª divisão, buscando mais recursos e investidores. Os dois têm muito potencial e podem gerar boas receitas, mas precisam ter essa estrutura e buscar os profissionais corretos para fortalecer esse trabalho, que foi positivo em 2018", ressaltou Zetti.

Legenda: Zetti esteve no Prêmio Bola de Prata da ESPN e falou sobre Ceará e Fortaleza

Planejamento

O ex-goleiro ainda reforça que Ceará e Fortaleza devem fazer um planejamento para estar entre os melhores da competição nacional para alcançar ambições maiores, contando sempre com o apoio dos torcedores.

"Na cultura do futebol brasileiro, os 20 clubes que entram na competição já falam que querem ser campeão, e não é assim, pois só um dos 20 vai ser campeão. Portanto, se os times (Ceará e Fortaleza) chegarem entre os 10 melhores, ao fim da competição, vai ser excelente, pelo trabalho. Agora, pode acontecer de chegar ainda mais longe. É manter o mesmo discurso, saber que existe uma meta e fazer com que o torcedor também entenda dessa forma. Isso se faz com planejamento e organização, e claro que as cobranças tendem a diminuir com os frutos desse trabalho".

Ainda é cedo para cravar se Fortaleza e Ceará terão êxito na Série A em 2019. Os clubes seguem contratando e tentando manter a base dos times que tiveram sucesso no segundo semestre de 2018.

No entanto, tudo passa pelo crivo de seus respectivos treinadores; Rogério Ceni e Lisca, como frisa o ex-artilheiro do Santos e da Seleção Brasileira.

"Gostei muito do trabalho de ambos. O Ceni, no Fortaleza, foi sensacional. Soube encaixar as peças e teve tempo para trabalhar. Isso é importante. E o Lisca conseguiu mais um feito fantástico, já que tinha livrado o Ceará (do rebaixamento para a Série C) em 2015 e repetiu a dose esse ano. Então, eu penso que se as diretorias derem condições a estes profissionais, com paciência e tempo para formar um bom plantel, eles irão continuar realizando grandes trabalhos. Não tenho dúvida disso", finalizou Pepe.