Estarem juntos na Série A é retrato do crescimento de Vovô e Leão

Com receita recorde, elencos valorizados, dívidas equacionadas e estruturas físicas mais próximas de suas grandezas, Ceará e Fortaleza buscam se manter na Série A para não interromper crescimento e chegar ao patamar desejado

Legenda: Mais estruturado, o Fortaleza iniciou a construção do seu Centro de Excelência
Foto: Helene Santos

Ceará e Fortaleza sempre foram clubes respeitados no Nordeste e em todo o País por suas torcidas apaixonadas, grandes públicos os apoiando e campanhas de superação ao longo de suas histórias centenárias. Mas por décadas, ambos relegaram a saúde financeira e estruturas físicas, acumulando dívidas em prol de contratar jogadores e conquistar campeonatos, retardando uma ascensão.

Mas nos últimos anos, os dois clubes têm crescido rapidamente no cenário nacional, alicerçados por administrações responsáveis de suas diretorias. E o resultado disso foi a chegada de ambos na Série A do Campeonato Brasileiro, aliando resultados esportivos a econômicos. Na esfera regional, Ceará, em 2015, e Fortaleza, em 2019, foram campeões do Nordeste.

E na semana do 1º Clássico-Rei por pontos corridos, que será disputado, no sábado (3), às 19 horas, na Arena Castelão, pela 13ª rodada, ambos trilham mais um passo importante, que é mudar de patamar permanecendo por temporadas seguidas na principal e mais rentável competição do País, crescendo cada vez mais como clubes.

O presidente do Ceará, Robinson de Castro, destacou o equilíbrio financeiro que vive o Ceará hoje, e tem como meta consolidar o clube alvinegro na Série A. "Nós estamos equilibrados financeiramente. Eu acho que o nosso momento é extraordinário. O Ceará estar, hoje, na Série A do Campeonato Brasileiro é um privilégio. A cada ano que o Ceará passar na Série A é uma alavancada. Eu digo isso nas nossas reuniões: se o Ceará passar mais um ano na Série A, está no rumo da consolidação porque é o clube que menos deve na Série A. Nossa dívida é ridícula se for comparar com os demais: R$ 8 milhões de Refis, tributo federal. Eu tenho como meta, e por isso quero continuar na Série A, entregar o clube com passivo zero. Vai ser o primeiro clube do País com passivo zero. Nós já temos o menor passivo, mas eu quero ser passivo zero e tornar um clube definitivo na Série A", declarou.

O presidente leonino Marcelo Paz afirmou que permanecer na Série A é vital para mudança de patamar do clube. "O Fortaleza ficou 13 anos longe da Série A e encarar a competição, com as diferenças financeiras, é difícil. Ficar na Série A é nosso objetivo e mudaria o patamar no clube. Além disso, continuar aparelhando o clube, melhorando o seu patrimônio. As coisas foram acontecendo conforme o clube foi cada vez mais se organizando administrativamente, os resultados foram aparecendo", avaliou.

Legenda: Com a estabilidade financeira, o Ceará conseguiu comprar o seu Centro de Treinamento, em Itaitinga
Foto: Kid Junior

Receitas

Para Vovô e Leão, a permanência na elite significará continuar arrecadando em bilheteria, venda de jogadores e cotas de TV. Afinal, uma volta para a Série B representaria uma queda brusca em cotas de TV.

O Ceará, por exemplo, recebeu R$ 6,5 milhões de cota da Série B, em 2017, e no ano seguinte, em 2018, na Série A, o valor saltou para R$ 28 milhões, com projeção de R$ 45 milhões este ano em outra temporada de Série A. Já o Leão, que passou oito anos de Série C sem cotas de TV, recebeu em 2018, na Série B, R$ 7 milhões e tem projeção de R$ 40 milhões para este ano na Série A.

Lembrando que a cota de TV para 2019 prevê um valor fixo dividido igualmente entre os 20 participantes, mais 30% do montante divididos por exibição de jogos, e outros 30% por colocação final.

Assim, a chegada na elite proporcionou aos dois gigantes cearenses terem o maior orçamento da sua história, com o Vovô projetando R$ 80 milhões até o fim do ano, e o Leão R$ 70 milhões.

Mas mesmo em divisões inferiores, Ceará e Fortaleza solidificaram um trabalho de responsabilidade financeira, equacionando suas dívidas fiscais e investindo em estrutura. E ao chegar na Série A, os dois clubes conseguiram acelerar processos estruturais importantes: o Vovô quitou o CT Cidade Vozão, em Itaitinga, e colhe frutos com vendas de jogadores, como Arthur, Felipe Jonatan em 2018, melhora consideravelmente a estrutura física, na sede de Carlos de Alencar Pinto, enquanto o Fortaleza também investiu em melhorias no Pici, transformando-o em um Centro de Excelência.

Projeções

Com 14 pontos em 12 rodadas na Série A, Ceará e Fortaleza terão mais 26 rodadas para conseguirem a permanência na elite.

Os dois presidentes mantém o otimismo quanto às campanhas dos clubes e à conquista dos objetivos.

"A Série A está muito nivelada. Os times são muito parecidos, tirando Palmeiras e Flamengo. Acho até que está mais nivelada do que no ano passado. Se a gente conseguir se acertar taticamente, encaixar o time, dá para fazer uma Série A muito bacana e permanecer", disse Robinson de Castro. "Temos o treinador que mais entende de futebol no Brasil. E eu confio também nos jogadores, disse isso a eles. Estamos valorizando quem nos trouxe até aqui e temos um modelo de jogo definido, muito bem treinado. A nossa campanha é boa, e quem não acha, deve entender de futebol mais do que eu. Os números são favoráveis e acredito na permanência", afirmou Marcelo Paz.