Entrevista com Marcelo Paz, presidente do Fortaleza: Visão de quem fez história

O ano do Leão foi vitorioso, com dois títulos, o Estadual e Nordestão O presidente Marcelo Paz espera um ano de 2020 tão vitorioso quanto o de 2019, mas sabedor dos desafios que o Leão terá

Legenda: Paz deu detalhes sobre o planejamento para a próxima temporada, na qual o Leão disputará Estadual, Nordestão, Sul-Americana, Série A e Copa do Brasil
Foto: FOTO: RODRIGO GADELHA



O Fortaleza viveu o apogeu de seus 101 anos de fundação em 2019. Na temporada, trouxe os títulos do Campeonato Cearense, da Copa do Nordeste e ainda se garantiu na Série A do Brasileiro com direito à vaga na Sul-Americana de 2020. À frente de todo o processo, Marcelo Paz.

É fato, a glória é distribuída dentre várias frentes, mas o gestor representa um projeto, uma diretoria comprometida e cravou o nome na história como o maior presidente tricolor de todos os tempos.

Em entrevista concedida com exclusividade ao programa "Bate-Papo com os Craques", da Rádio Verdes Mares, o mandatário traçou panoramas de um Leão ainda mais glorioso em 2020. A íntegra estará disponível no sábado (14), na Verdinha AM 810. Uma parte da entrevista você já pode escutar aqui:

Você está em qual patamar entre os presidentes do Fortaleza?

"Acho que estou como um presidente que contribuiu, teve títulos importantíssimos, mas eu deixo para a torcida escolher quem é o maior e o melhor. O Fortaleza é uma construção de 101 anos montada desde Alcides Santos na fundação. Minha história ainda não terminou, tenho duas temporadas pela frente, então vamos ver se conseguimos escrever mais coisa. Fico muito feliz com a gratidão e o carinho do torcedor. Muita gente agradece, mas não sou só eu, tem uma diretoria inteira, comissão técnica, jogadores, tudo isso contribui para o momento histórico do Fortaleza".

O que foi determinante para as conquistas ao término do ano?

"O salário em dia, que dá tranquilidade ao jogador que vai receber, e premiações interessantes, até porque eles nos entregaram os resultados. Além de investimento em logística e a continuidade do trabalho do Rogério Ceni, que trabalhou em 2018 e montou o time de 2019 com melhorias no estilo de jogo e na filosofia. Fizeram um Fortaleza diferente, mas com o conceito igual de ser um time que agride, vertical e que busca o gol. Somando tudo, teve a torcida e não é a toa que a maioria dos pontos foi conquistada em casa".

Você entrou no Fortaleza como diretor de Futebol. Participou de campanhas na Série C e agora pôde ver essa transformação do clube. Como percebe esse momento?

"Tudo que passei no Fortaleza foi momento de aprendizado e de crescimento pessoal e até espiritual. Em 2015 e 2016, fomos bicampeões estaduais e em dois anos não conseguimos o acesso. E o Marcelo Paz foi crucificado como maior culpado, fiquei como vilão em 2016, a torcida não me queria mais no Pici, então pedi para sair. A mesma torcida, em março de 2017, pediu meu retorno. E quando a gente subiu, aquela alegria já apagou toda a tristeza dos anos anteriores. O que estamos vivendo agora são momentos que eu nem acreditava. Mas não devemos esquecer a Série C, o momento de perdão, de humildade e de não ser soberba. Isso faz a gente valorizar ainda mais as conquistas atuais".

O perfil de reforços do clube muda com a vaga na Sul-Americana em 2020?

"Estamos mais abertos a observar o mercado Sul-Americano e isso tem suas particularidades. O jogador colombiano é de uma maneira, o equatoriano de outra, e a gente está aprendendo. O Quintero é um case de sucesso, é o estrangeiro de maior sucesso no futebol cearense. Romero encerra o contrato, o Mariano Vázquez permanece, mas necessita de adaptação. Ali tem a questão econômica porque a nossa moeda é mais forte em alguns países e a gente consegue trazer reforços com preço mais barato".


 

O Fortaleza pode sonhar com a Libertadores na próxima temporada?

"Não vou prometer isso. O nosso maior objetivo é permanecer na Série A, o que vier a mais é muito bom. Vimos que é possível brigar por algo maior com um time ajustado e competitivo, mas não posso prometer. De verdade, nada além da permanência na Série A está no nosso planejamento estratégico para 2020".

O clube chega em 2020 bem financeiramente?

"Há um imaginário que, se ficando na Série A pelo segundo ano consecutivo, as contas aumentam. Isso não existe mais, o novo modelo de cotas de TV vale de 2019 a 2024, então 2020 é parecido com esse ano. Ainda vamos submeter o orçamento ao Conselho Deliberativo, mas posso adiantar que vai ultrapassar os R$ 100 milhões. É o maior orçamento na história do clube. Adotamos uma mudança no cálculo e passamos a contar renda bruta de jogos, não líquida como era antes".

De que forma o Ceni foi importante nesse momento histórico?

"É uma via de mão dupla. O Rogério como treinador teve três experiências e a única de sucesso foi a do Fortaleza. No São Paulo não fluiu, no Cruzeiro ainda menos, e no Fortaleza teve sucesso, implantou as ideias de jogo dele, teve respaldo da diretoria, o elenco foi montado a dedo por ele e o clube foi humilde para fazer as melhorias que o Rogério pediu porque é para o bem do clube. E ele mesmo diz que, no dia que sair, tudo que fica é do Fortaleza, para a história do Fortaleza. E as melhoras são para ele, o gramado do Pici, ele é encantado com isso".

O clube está preparado para caminhar sem o Rogério Ceni?

"O Fortaleza é uma Instituição centenária. Já passaram grandes jogadores, treinadores, dirigentes e o Fortaleza sempre superou e seguiu a caminhada. O clube vai sentir falta porque foi um cara que se doou muito ao clube, mas não nos sentiremos órfãos. Espero que essa saída demore. A gente até teve uma breve experiência sem ele, que foi o Zé Ricardo. Nós entregamos tudo que ele pediu, mudamos a logística, teve sugestão na estrutura da mesma forma do Ceni. O trabalho em campo não fluiu porque o time não tinha a forma de jogar do Zé Ricardo. Se ele não tivesse voltado, o Fortaleza continuaria trabalhando e sendo grande".