Encontro na quarta: Ressaca e futebol

Agora é cinza, tudo acabado e nada mais. Com a música "Agora é Cinza", dos compositores Alcebíades Barcelos e Armando Marçal, o cantor Mário Reis fez o maior sucesso no Carnaval de 1934. Perpetuou-se. O compositor Benedito Lacerda escreveu a música "Carnaval da Minha Vida" que Chico Alves, o Rei da Voz, imortalizou. Em um trecho diz: "Quarta-Feira de Cinzas amanhece, na cidade há um silêncio que parece que o próprio mundo se despovoou". Hoje, cinzas só na distribuição aos fiéis na Igreja Católica. O futebol já volta para valer com Ceará x Atlético, às 20 horas no Castelão, e Guarany x Barbalha, às 21h30, no Junco. Esses jogos interessam de perto ao Fortaleza, que está fora da zona de classificação. Uma derrota do Atlético alivia a situação do Fortaleza porque abre espaço para o Leão ultrapassá-lo. Uma derrota do Guarany impede que o Bugre sobralense encoste no Leão. Há, portanto, toda uma expectativa gerada pela delicada situação tricolor na classificação deste segundo turno. Longe o tempo do "Agora é Cinza". Hoje, a quarta-feira é como um dia qualquer, apesar da ressaca de mais um Carnaval que passou.

Em ação

Amanhã, o Fortaleza volta a campo. Será pela Copa do Nordeste, às 21h30, diante do Confiança no Castelão. Há todo um trabalho, visando a neutralizar os efeitos negativos da ausência tricolor no G-4 estadual. De certo modo, as contratações anunciadas amenizaram a reação negativa da torcida após os seguidos insucessos em campo.

Impacto

As contratações de Nathan Ribeiro e Wellington Paulista geraram inicialmente uma repercussão positiva, mas o único meio para acalmar os torcedores será o time alcançar uma das vagas nas semifinais do Campeonato Cearense. Se tal desiderato não acontecer, as consequências serão muito sérias, já pela pressão que haverá em cima da comissão técnica.

Serenidade

É bom lembrar que, quando o Fortaleza perdeu o título estadual para o Ceará, houve vozes que queriam a demissão de Rogério Ceni. Aí valeu a serenidade do presidente Marcelo Paz, que a todos tranquilizou. O time sagrou-se campeão brasileiro e subiu para a Série A. Agora, creio, recomenda-se a mesma serenidade. É por aí.

O goleiro Fernando Henrique está de volta, cheio de moral. Amargurou em silêncio demorada reserva. Com resignação, ele, que já foi ídolo, contentou-se em ser o segundo ou o terceiro goleiro do Vozão. De repente, voltou fazendo sucesso como nos velhos tempos. E mais: na briga pela posição de titular.

A interiorização do futebol cearense está cada vez mais comprometida. E não vejo possibilidades de melhora enquanto o modelo atual de disputas permanecer. Como montar uma equipe forte para participar de um certame relâmpago, com duração de três meses? Como investir? Está se tornando inviável.