Empresária descobre motivação no crossfit para buscar equilíbrio

Régia Pontes encontrou no esporte um auxílio para corpo e alma. Na prática diária, ela achou tudo o que precisava: motivação, recuperou a autoestima e conquistou amizades. Com as mudanças, até a família aderiu à prática

Legenda: Régia Pontes se apaixonou pelo dinamismo do crossfit
Foto: José Leomar

Uma coisa foi puxando a outra. A busca por bem-estar e por saúde levou Régia Pontes ao box, mas não foi a única razão que a manteve lá. No primeiro treino de crossfit da vida, sentiu que o esporte tinha uma pegada diferente, mas não foram os pesos, movimentos ou possibilidades que ganharam a simpatia da empresária mas, sim, a parceria com as pessoas.

O sorriso largo, simpatia fácil e presença iluminada de Régia transmitem o estado de espírito de uma nova pessoa, em paz consigo mesma. Há dois anos, ela estava em um estado complicado. Cansada e indisposta, Régia não conseguia encontrar nenhuma atividade no dia a dia que levantasse o astral.

"Na verdade, eu achava que estava com início de depressão, aliás já achava que estava com depressão. Não tinha vontade de sair, casamento estava ruim. Quando comecei o crossfit, minha vida mudou completamente, minha autoestima, meu corpo mudou e eu consegui transmitir isso para as pessoas em casa", destaca.

Os primeiros contatos com o esporte foi pelas redes sociais, acompanhando vídeos de amigas. A curiosidade surgiu e a levou ao primeiro treino. Em uma aula dinâmica, uma coisa chamou a atenção de Régia: a superação e a amizade.

"No início tinha limitações, achava algumas coisas impossíveis. Com essa amizade da turma e o apoio vi que isso era possível. Essa energia toda é uma motivação. É demais. Às vezes, você está com preguiça, lembra das pessoas e resolve vir", conta a empresária, sobre o início.

A hora de começar

O clima de parceria fez Régia pular de cabeça no esporte e logo ela resolveu puxar a família também. Marido, filho e filha também já são adeptos dos esportes.

Apaixonada pelo movimento, ela se arriscou em outros caminhos também. Encarou o surfe e o skate. Só não vale ficar parada. "Depois que comecei a praticar, passei a me interessar por outros esportes também. Mexe com o corpo, coração, humor. Quando treino, fico disposta o dia todo, você começa a cuidar da alimentação, e a autoestima vai para cima".

Início desafiador

Aos 42 anos, Régia ergue barras, sobe corda, salta, corre? E faz tudo isso parecer muito fácil. Ela garante que sempre foi assim, não teve dificuldades no início. O trabalho é fruto de uma evolução constante e de paciência com o corpo.

O educador físico e coach da academia Excalibur, na qual Régia pratica o crossfit, Rafael Carneiro, garante que todas as pessoas podem praticar o esporte. A atividade é adaptável para a força e capacidade física do indivíduo. As técnicas são desenvolvidas ao longo dos treinos a fim de aprimorar o movimento. Somente no próximo passo, os pesos são inseridos no treino.

"O crossfit é para todos. Muita gente acha que para chegar ao crossfit já tem que ser forte, colocar cargas altas, e isso é mito. Todos os movimentos podem ser adaptados. Você começa com um bastão de PVC e vai aprender a técnica para depois fazer o movimento com o peso", explica.

Parceiro de treino e amigo de Régia, o estudante Douglas Ferreira era sedentário e encontrou na atividade uma alternativa para melhorar a saúde. Motivado pela evolução, ele chegou a emagrecer 20 quilos e ganhou muita confiança.

"Não fazia nenhum outro esporte e, do nada, entrei. Tive dificuldades no início, mas pude contar com a ajuda dos coaches (treinadores). No início tinha muita vergonha de vir, de olhar para outras pessoas que treinavam sem camisa. Eu era bastante gordinho e não me sentia confortável. Com o tempo, comecei a ver evoluções, ganhei confiança e hoje fico sem blusa, não ligo mais para ninguém", relembra.

Legenda: Ao lado de Douglas Ferreira, Régia tem encontrado inspiração no crossfit
Foto: José Leomar

Dinamicidade

Régia já havia tido experiência em academias, mas não conseguia se adaptar à rotina de exercícios repetitivos. "Não conseguia manter constância. No crossfit me dediquei", conta a empresária.

O coach Rafael Carneiro ressalta que o diferencial da modalidade é essa diversificação de atividades. "Alguns treinos pegam exercícios da ginástica, do levantamento de peso, então esse se torna mais dinâmico e atrativo por conta disso".

Há um mito que o crossfit é um esporte perigoso por conta de uma série de fatores como a intensidade de treinamento, conjunto de exercícios e suscetibilidade a lesões. Rafael explica a questão garantindo que tudo varia de acordo com o comprometimento com o limite pessoal do corpo de cada indivíduo.

"Apesar da ideia que as pessoas têm de que o crossfit lesiona muito, lutas, futebol e esportes de contato lesionam mais. Se você não respeitar o limite do seu corpo, você vai acabar tendo uma lesão, é uma consequência. Se você ouvir o seu treinador, dificilmente vai passar por isso", explica ele.

Os benefícios da atividade incluem ganho de força, resistência e equilíbrios musculares. Para Régia, além dos ganhos no corpo, a atividade trouxe curas para a alma e mudanças que nem o tempo pode levar. Ao ser conquistada pelo esporte, a empresária encontrou a oportunidade de ter a vida modificada.

"O esporte transforma vidas e o crossfit, para mim, foi uma coisa de outro mundo. Sou outra mulher e devo muito a esse esporte. Queria que as pessoas experimentassem essa sensação também".

O Diário do Nordeste apresenta neste mês uma série com personagens que buscaram equilíbrio na vida pelo esporte. Na primeira matéria, contamos a história de Oara Uchôa, que encontrou no basquete em cadeira de rodas a chance de retomar sua vida após um câncer. Em seguida, foi a vez de Thiago Macedo, que venceu a obesidade com a ajuda da natação.


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