Daniele Hypólito acredita que ginástica brasileira pode se sair bem em Tóquio

Com poucas chances de ir à Olimpíada, Daniele Hypólito comentou sobre o momento do esporte no Brasil, falta de investimentos e o irmão Diego

Legenda: Daniele Hypólito brilhou em Pan-Americanos e no Mundial ao longo de sua carreira como ginasta

A medalhista da ginástica brasileira, Daniele Hypólito, esteve em Fortaleza para dar uma palestra em uma universidade da Capital e, dentre diversas atividades, visitou a sede do Fortaleza, conheceu o técnico Rogério Ceni e ganhou camisa autografada pelo comandante do Leão. Além disso, fez uma visita exclusiva ao Sistema Verdes Mares.

Dani, como é chamada de forma mais carinhosa, ainda não faz planos para 2020. Mas sabe que, em Tóquio, a Seleção Brasileira Masculina de Ginástica chega forte, a exemplo da ginasta Flávia Saraiva, já classificada para a Olimpíada.

Daniele lamenta pela Seleção Brasileira Feminina, que não se classificou em equipes. No entanto, vê com otimismo o fato de o Brasil ainda ter a chance de mandar outras representantes no individual.

A ginasta também pede "mais carinho" nos investimentos ao esporte no País, assim como na educação, na cultura e na saúde.

Por fim, não deixa de comentar sobre o irmão Diego Hypólito, que, recentemente, se assumiu homossexual. Dani prega que o importante a ser avaliado em qualquer ser humano é o caráter.

"As pessoas acham que a sua verdade é a verdade absoluta, mas não é assim. Tem de saber respeitar o espaço do outro", afirma.

Daniele Hypólito conquistou diferentes medalhas ao longo de sua carreira como ginasta. Apesar de não ter uma medalha olímpica, ela possui diferentes medalhas em competições internacionais, como os seis ouros em campeonatos Pan-Americanos, três pratas nos Jogos Pan-Americanos e a mais importante de todas, que é a medalha de prata conquistada no Campeonato Mundial realizado em 2001, na exibição no solo.

Veja abaixo toda a entrevista exclusiva

Você voltou a competir recentemente, como foi?

Eu voltei a competir os abertos. Mas é uma competição das regiões. E, para a cidade, é muito importante. Mas é uma competição que eu não fiz muita coisa, é uma disputa mais tranquila de realizar. Competição forte mesmo esse ano, dei uma pisada no freio, tirei o pé do acelerador.

Para o ano que vem, quais são os seus planos? Pensa em Tóquio 2020?

Ah, eu ainda não pensei para o ano que vem. Tóquio vai ser mais difícil para o feminino, na ginástica, porque não conseguimos a vaga para a equipe. No momento, a única que tem vaga é Flávia Saraiva. A gente tem a possibilidade de chegar a levar mais duas meninas, mas eu acho que eles vão mandar as meninas que estavam no Mundial. Isso é critério da comissão técnica, uma coisa que eu não me envolvo. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. A vaga individual tem no Pan-Americano no ano que vem. A única que pode disputar a vaga nesse Pan-Americano é Rebeca Andrade, porque ela não competiu no Mundial. Esse ano, neste fim de semana, vai estar acontecendo a Copa de Cottbus (na Alemanha), onde vai estar a Isabel Barbosa e Thaís Fidelis, que foram para o Mundial. Vamos ver como elas vão se sair. Eu acredito que, se elas se saírem bem, eles as mandam para mais etapas. Como a vaga pelo especialista está mais difícil do que a do individual do ano que vem no Pan-Americano, não sei como vai funcionar. É uma decisão da comissão técnica.

Você sabe como está a recuperação da Rebeca Andrade?

Pelo que vi dos vídeos - ela mora no Rio e eu em São Paulo-, a Rebeca voltou a treinar. Como está, eu não sei, de coração. Não pergunto porque acho que é muito pessoal.

E com relação à equipe masculina?

Está muito bem, está com equipe. Temos o campeão mundial de barra desse ano, que é o Nory. O Zanetti, querendo ou não, estava na final de argolas. Então, o masculino está muito tranquilo em relação à classificação. Mesmo assim eu acho que eles ainda vão mandar mais um.

Com relação aos investimentos na ginástica depois da Rio 2016, como você vê?

A questão do investimento, realmente eu acho que a gente tem de olhar com um pouco mais de cuidado. Não só para o esporte, mas também para a educação, porque, na verdade, se você for ver, o Ministério é um só: Cultura, Educação e Esporte. Tem de olhar com carinho para esses três pilares, porque são pilares importantes para a sociedade. Educação porque você adquire conhecimento. A cultura porque você tem de saber da cultura do seu País. O esporte porque ele é um meio de educação e cultura implantados em um lugar só. E você tem ainda a coisa mais importante onde você não ver cor, classe, tem a inclusão das pessoas. Acho que tem de se investir de um modo melhor e com mais carinho. E também na saúde, que é um pilar importante.

Com relação ao seu irmão (Diego Hypólito), que recentemente assumiu ser homossexual, como você viu essa atitude?

Para mim, não muda nada. Continua sendo meu irmão. Sexualidade, gosto e política não se discute, cada um tem o seu. Para mim, o que importa dessas pessoas é o caráter. Às vezes, você é heterossexual e é mau-caráter. O que importa é o caráter da pessoa. Isso é exemplo. É claro que a gente sabe que vive em uma sociedade complicada, em que as pessoas não aceitam outras opiniões. Cada uma tem uma opinião. As pessoas acham que a sua verdade é a verdade absoluta, mas não é assim. Tem de saber respeitar o espaço do outro. Todos nós somos seres humanos. E quando morrermos vamos para o mesmo lugar. Quem faz o grande julgamento não sou eu. Não tenho nada contra. Até porque sou julgada por aquilo que eu apresento no esporte. A última coisa que eu faço é julgar alguém.