Criticada por Eduardo Bolsonaro, CBV segue regra do COI para trans

Entidade explicou que cumpre orientações do Comitê Olímpico Internacional, que ratifica a necessidade de garantir a participação de atletas transexuais nas competições. Esse é o caso de Tiffany, que joga pelo Sesi/Bauru na Superliga

Após críticas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) pela participação de transexuais em campeonatos femininos, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) afirmou que segue normas internacionais estabelecidas pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) para permitir a participação da jogadora Tifanny, do Sesi/Bauru, na Superliga Feminina de Vôlei, que está sendo disputada na atual temporada.

No último sábado (30), o filho do presidente Jair Bolsonaro, afirmou ser "inaceitável e ridículo" a permissão para que transexuais disputem campeonatos profissionais femininos.

"É inaceitável e ridículo que um homem pratique esportes em nível profissional com mulheres alegando ser uma delas. Eu não sei o porquê entidades profissionais permitem isso e até quando as atletas vão suportar", disse o político.

Neste domingo (31), ele ironizou a competição chamando a Superliga de "Meio Feminina" em outra publicação na sua rede social.

Resposta

A CBV, que organiza a Superliga de Vôlei, disse que "adota como critério nos casos tidos como de transgêneros/transexuais, o consenso do Comitê Olímpico Internacional (COI) de novembro de 2015 sobre o reposicionamento de gênero e hipoandrogenismo". "A CBV respeita todas as opiniões e segue as diretrizes do COI", completou a entidade.

Segundo o Comitê "é preciso garantir que os atletas trans não sejam excluídos da oportunidade de participar de competições esportivas". A entidade diz ainda que, desde 2003, o organismo reconhece a importância da autonomia da identidade de gênero. O COI considera, inclusive, que mudanças de sexo através de cirurgia não "são necessárias para garantir uma competição justa e podem ser inconsistentes com o desenvolvimento de leis e dos direitos humanos".

O caso de Tiffany

Por isso, para ser aceita em competições femininas, Tifanny tem de passar por tratamento hormonal e faz testes regulares para comprovar que seu nível de testosterona está abaixo de 10nmol/L - como determina o comitê internacional.

As declarações de Eduardo Bolsonaro foram publicadas dias depois de polêmica com o técnico Bernardinho. Na última terça-feira (26), durante transmissão do jogo entre Sesi/Bauru, time defendido por Tifanny, contra o Sesc-RJ, comandado por Bernardinho, foi possível ver o treinador do Sesc virando para o banco de reservas e falando, após ataque certeiro de Tifanny: "Um homem, é foda!".

Bernardinho pediu desculpas e, na última sexta-feira (29), a própria jogadora disse ter aceitado as desculpas do treinador do Rio.

O Sesi/Bauru não quis se pronunciar sobre as declarações dadas por Eduardo Bolsonaro. Tifanny também não respondeu às declarações.


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