Copa América triplica uso do VAR na comparação com Mundial

Nas 26 partidas da competição, foram 33 intervenções, média de 1,27 por jogo. O número é superior ao total de vezes que o VAR foi acionado nos 64 confrontos do Mundial de 2018, que teve média de 0,41

Legenda: VAR foi mais acionado do que na Copa do Mundo de 2018
Foto: Nelson Almeida/AFP

Alvo de reclamações da Seleção Argentina por não ter sido usado em lances capitais na semifinal e na disputa de terceiro lugar, o árbitro assistente de vídeo (VAR) foi acionado o triplo de vezes na Copa América do Brasil em comparação com a Copa do Mundo da Rússia, quando a ferramenta fez sua estreia em torneios da Fifa.

Nas 26 partidas do torneio, foram 33 intervenções, média de 1,27. O número é superior ao total de vezes que o VAR foi acionado nos 64 jogos do Mundial de 2018: as mesmas 26 vezes, segundo levantamento feito pela reportagem ao final do torneio, o que resultou em uma média de 0,41 interferência por confronto.

Sete jogos da Copa América não contaram com revisão de vídeo, seis na fase de grupos e o Brasil e Argentina, na semifinal. O número de decisões alteradas também cresceu, porém de forma mais discreta. Na Copa da Rússia, o árbitro mudou sua marcação em pouco mais da metade (57%) das vezes em que o VAR foi acionado. Já no Brasil, esse número sobe para 63%.

Mantidas

Na final entre Brasil e Peru, o árbitro chileno Roberto Tobar foi duas vezes até o monitor do VAR para revisar um lance, ambas por pênaltis marcados. As duas decisões foram mantidas após o juiz conferir a jogada novamente.

Outro ponto de atenção é a demora para o desfecho do lance. Após a Copa do Mundo, a Fifa dizia ser necessário, em média, 79,6 segundos para uma análise completa do VAR.

Nas 18 primeiras partidas da Copa América, a demora foi de quase dois minutos e meio em média, de acordo com balanço divulgado pela Conmebol sobre a fase de grupos.

As duas partidas que mais geraram reclamação da arbitragem envolveram a Argentina, que fez uma queixa em razão do não uso do VAR em lances que poderiam ter mudado o rumo da partida.

Reclamação

Contra o Brasil, na semifinal, os supostos dois lances de pênalti para os argentinos e não revisados em vídeo pelo juiz Roddy Zambrano geraram revoltara em Lionel Messi, para quem a Conmebol teria beneficiado a Seleção Brasileira.

"Houve pênaltis bobos durante toda a Copa América e hoje não marcaram um em Otamendi. Nem sequer consultaram o VAR", disse o atacante após a eliminação.

A Federação Argentina de Futebol (AFA) enviou uma carta à Conmebol não só endossando o julgamento do jogador, mas ampliando-o para toda a organização do torneio, citando inclusive a presença do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no estádio.

Na disputa de terceiro lugar, mais uma vez os argentinos reclamaram do não uso da ferramenta. Dessa vez, no lance que expulsou Messi do jogo e que não foi revisto pelo árbitro Mario Díaz de Vivar. Para o atacante, se tratou de uma represália por ele ter criticado a organização na partida anterior.

"A corrupção e os juízes não deixaram as pessoas aproveitarem, e o futebol foi arruinado", disse o craque argentino, após o jogo, que ainda afirmou achar que o torneio estaria "armado" para a vitória brasileira.

O árbitro assistente de vídeo (VAR) foi utilizado à exaustão na Copa América, superando a média de vezes da Copa de 2018. Nos dois jogos em que não foi acionado em lances polêmicos, foi alvo de dúvidas