Com raras exceções, Copa América não apresentou bom futebol

Até agora, as partidas não têm atraído tanto público aos estádios. E parte disso, é por causa da baixa qualidade técnica apresentada em campo. Para as semifinais, a expectativa é de que Brasil x Argentina "salve" a Copa América

Legenda: Chile é favorito, mais uma vez, ao título da Copa América
Foto: Nelson Almeida/AFP

A regência das referências do futebol está na Copa do Mundo. Abaixo dela, são as outras competições quem define cada continente. A Eurocopa é a proporção europeia do que a Copa América está para América do Sul. Mas o atrativo de público, audiência e interesse não têm a mesma força que cinco, 10 anos atrás. Os jogos da Seleção Brasileira, de uma forma geral, não têm a mesma comoção. Os maus resultados recentes, a queda do padrão e a falta de referências, no plural, puxam a fila do desinteresse pelo Brasil.

Mas, e a Copa América? Tecnicamente, o nível está abaixo. A competição está "banalizada". Antes, era periódica, dois em dois anos, três, até quatro anos de intervalo. Mas agora, em um período de cinco anos, teremos quatro competições, colocando em risco a fidelidade da atração.

O valor de qualidade dos jogos foi abaixo da expectativa. Nos jogos das quartas de final, três foram decididos nos pênaltis, em partidas sem gols. Não foi equilíbrio, foi desequilíbrio técnico. Os números refletem alguns desses problemas. Foram quatro jogos, um acúmulo de 270 passes errados, média de 70 por jogo - valores elevados que significam falta de continuidade. Gols foram marcados em apenas um jogo, na vitória por 2 a 0 da Argentina sobre a Venezuela. Todas as outras partidas ficaram sem gols.

Aproveitamento

O Peru, que está garantido nas semifinais, não teve uma finalização em direção ao gol contra Uruguai. Entre todas as classificadas, apenas Brasil e Argentina tiveram aproveitamento superior a cinco finalizações corretas, sendo mais efetivas e ofensivas.

A Seleção Brasileira foi a que mais atacou, deu 21 chutes ao gol adversário, e a que teve mais domínio e predomínio, com posse de bola superior a 60%.

Os números, sozinhos, evidenciam muito pouco, mas criam hipóteses. Por isso, é preciso aliar as circunstâncias aos valores. Dentro de campo, a Seleção Brasileira apresenta mais solidez e padrão de jogo, carrega a "sina" de furar defesas 100% fechadas. Não tem demonstrado tanto isso no futebol apresentado, mas tem apresentado evolução.

A Copa América mostra algumas surpresas. O Peru eliminou uma das favoritas, a Seleção Uruguaia. A Seleção Chilena, recuperando o status de favorita, usando quase a mesma base bicampeã do torneio. Brasil x Argentina é o maior atrativo nesta reta final de Copa América, nas atuais circunstâncias, uma final antecipada.

As camisas se equilibram e a fase da competição, de mata-mata, atrai inúmeras possibilidades de resultados. Mas diferente de 10 anos atrás, quando o duelo era equilibrado, o Brasil tem o favoritismo, atua em casa e segue evoluindo na proposta adotada por Tite, principalmente na renovação.

Preferência

Atual bicampeão da América, o Chile carrega a preferência por ter ido à final nas duas últimas edições, mas a evolução da Seleção Peruana, chegando à terceira semifinal em quatro edições, mostra o equilíbrio na Copa América.

Não é apenas pelo futebol apresentado, é pela motivação da evolução na competição e as possibilidades que ela atrai. Que o valor técnico nas semifinais possa "inflacionar" e a Copa América recupere seu status de "Copa do Mundo da América".