Cearenses buscam 1º ouro do Estado nas Olimpíadas de Tóquio

Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, no Japão, podem marcar o 1º ouro de um atleta cearense na competição. A 32ª edição do evento vai contemplar a estreia de quatro modalidades: surfe, escalada, skate e beisebol

Legenda: Silvana Lima é uma das favoritas em sua modalidade: o surfe
Foto: FOTO: RICK WERNECK

O ano de 2020 reserva um novo capítulo na busca incessante pela medalha olímpica. O destino da missão será Tóquio, no Japão, palco da 32ª edição das Olimpíadas de Verão. Dentre os 11 mil atletas inscritos, dos 204 países, um grupo cearense apresenta um objetivo inédito: conquistar o primeiro ouro do Estado.

E os candidatos ao feito histórico chegam na competição credenciados como favoritos na delegação brasileira. A começar por Silvana Lima, surfista natural de Paracuru eleita oito vezes a melhor do País e que estreará nos Jogos. Isso porque o esporte nunca havia sido inserido no torneio.

Assim como a escalada, o skate e o beisebol foram homologados tardiamente e completam os 33 desportos das Olimpíadas de Tóquio. O desafio do pódio também é partilhado pela dupla Vittoria Lopes e Manoel Messias, ambos do triatlo.

Legenda: Vittória Lopes é uma das revelações do triathlon
Foto: Divulgação

A responsabilidade reside porque os dois conseguiram a vaga se sagrando campeões no Pan-Americano de Lima, no Peru. Juntos, obtiveram o ouro na categoria misto em julho e, individualmente, ficaram com a medalha de prata.

Quem também desponta entre os mais cotados é Rebecca, de 26 anos. Figurando no top-5 do ranking mundial de vôlei de praia, ao lado de Ana Patrícia, a fortalezense vai debutar nas Olimpíadas e atuar na única modalidade que premiou cearenses.

Foi na areia que o Ceará subiu ao pódio. Primeiro com Shelda, somando pratas em Sydney 2000 e Atenas 2004, com a carioca Adriana Behar. Depois veio Márcio Araújo, em Pequim 2008, com Fábio Luiz, repetir o feito e completar as três únicas medalhas obtidas por filhos da terra.

A lista de representantes cearenses confirmados é completada pelo cavaleiro Marlon Zanotelli. Dono da primeira medalha de ouro do País na prova individual de saltos no hipismo em Jogos Pan-Americanos, o atleta elevou o patamar da categoria e tenta repetir a marca histórica, dessa vez, em Tóquio.

Correndo por fora

Com 152 vagas atingidas para as Olimpíadas, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) ainda deseja alcançar 250 participantes na delegação, montante próximo do enviado aos Jogos de Londres, em 2012, que teve 259 competidores.

O maior contingente encaminhado ao evento foi de 462 atletas, número obtido no Rio de Janeiro, em 2016, quando o Brasil foi país-sede. O início de 2020 reserva uma série de torneios pré-olímpicos que podem alavancar a quantia, incluindo a de cearenses.

O maior exemplo é a seletiva de futebol masculino sub-23, organizada pela Conmebol. Tendo a Colômbia como anfitrião, a Seleção tem pela frente Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

A convocação final realizada pelo técnico André Jardine não contempla atletas cearenses, mas a CBF optou por desconvocar nomes que sejam titulares absolutos dos respectivos clubes.

Casos do trio de jogadores revelados em Porangabuçu: o lateral esquerdo Felipe Jonatan, do Santos, e os atacantes Artur Victor e Arthur Cabral, os dois pertencendo ao Palmeiras. Os dois últimos defenderam o Bahia e o Basel, da Suíça, na última temporada, e estão sendo envolvidos em negociações.

Dessa forma, há possibilidade de aparecem no grupo que viajará ao Japão. Todos apresentarão menos de 23 anos no momento das Olimpíadas.

Para além das quatro linhas, o time de natação também aguarda a definição dos nadadores convocados. O esporte permite a inscrição de 12 peças, classificadas por conta do Mundial de Esportes Aquáticos de Gwangju, na Coreia do Sul, em julho de 2019.

Como o País poderá disputar os revezamentos 4x100m livre, 4x200m livre, 4x100m medley - todos masculinos - há a expectativa do cearense de coração Luiz Altamir ser convocado.

Nascido em Roraima, o nadador cresceu na capital cearense e se filiou profissionalmente no Estado. No Pan de 2019, obteve um bronze nos 400m livre e conquistou ouro no revezamento 4x200m livre, prova em que tem sido titular do quarteto.

Legenda: Rebecca vai representar o Ceará no vôlei de praia
Foto: FOTO: RODRIGO GADELHA

O cenário é o mesmo para Elaine Gomes. Convocada constantemente para a equipe feminina de handebol, a atleta aguarda uma chance de disputar os Jogos Olímpicos. Com a amarelinha, já venceu a Copa do Mundo (2013), o Sul-Americano (2014) e dois Pan-Americanos (2015 e 2019).

Inovação e tecnologia

Com estimativa orçamentária de 12,6 bilhões de dólares, a organização dos Jogos de Tóquio projeta uma competição mais inclusiva e também sustentável. Reaproveitando 25 equipamentos utilizados na Olimpíada de 1964, a primeira no país, estão sendo construídas apenas oito estruturas - 10 são temporárias.

A edição também acentuou a participação feminina, que foi inserida na natação em categorias mistas de revezamento 4x400 metros e 4x100 metros, além de triatlo, judô, tiro com arco e tênis de mesa.

Outra novidade é a confecção de medalhas sustentáveis. O símbolo máximo de glória será construído com lixo eletrônico - material coletado de celulares e de outros produtos. Ainda terão gramas de ouro, prata e cobre no objeto entregue aos atletas.

Por fim, a próxima Olimpíada quebra paradigmas das Paralimpíadas, voltadas aos atletas com deficiência física ou cognitiva. Realizada entre os dias 25 de agosto e 6 de setembro de 2020, o evento contemplará mais duas modalidades na gama de 22 esportes selecionados.

Será a primeira vez que os para-atletas disputarão Badminton e Taekwondo. A expectativa é que a competição receba 4.400 inscritos, o recorde dos Jogos. O grupo será distribuído em 540 eventos, que seguem realocados em 21 instalações esportivas.