Carlos Mário 'Bebê' busca tetra mundial no Superkite Brasil

Na praia do Cumbuco, kitesurfista cearense terá pela frente uma boa disputa nos próximos dias e acredita que o fato de conhecer o local das provas pode ajudar: "É um lugar gostoso de velejar. Vai ser bom poder se sentir em casa"

Já faz um tempo que as velas tomam conta do litoral cearense. Com vento perfeito para a prática de kitesurfe, o cenário é dominado por um jovem que carrega o apelido de "Bebê", mas dentro dos mares é um verdadeiro gigante no esporte. Esse é Carlos Mário, que aos 20 anos se sagrou tricampeão mundial e pode faturar o quarto título consecutivo dentro de casa.

Líder do circuito profissional do WKC, torneio que reúne os principais nomes da modalidade, o cearense começa hoje a disputa do Superkite Brasil, etapa que será realizada na Praia do Cumbuco, Região Metropolitana de Fortaleza, e segue até o dia 25 deste mês, encerrando a temporada mundial.

"A gente já conhece o vento que tem aqui, é um lugar gostoso de velejar. Vai ser muito bom poder se sentir em casa. Espero ter um ótimo resultado porque posso ser tetracampeão mundial, mas o meu objetivo mesmo é vencer em casa. Vou dar o meu melhor para levar o título de campeão da etapa e do circuito mundial", comentou o atleta.

O esporte trouxe o mundo ao jovem humilde da Praia do Cauípe, na Caucaia. Oriundo de uma família de pescadores, visitou mais de 30 países junto do kite. A paixão começou quando era menino, aos oito anos, e desde então são quatro títulos nacionais e o prêmio de atleta mais completo do mundo, sendo também o único da história a obter uma nota 10 na categoria freestyle.

O início de tudo

No entanto, o começo dessa história não foi fácil. O talento sucumbiu ao investimento, e Bebê precisou abandonar o esporte diversas vezes devido aos altos valores exigidos. A ajuda veio de parceiros e do tio José Alexandre, que percebeu no cearense uma habilidade descomunal no manuseio da pipa.

"Foi através do meu tio, um dos primeiros a praticar o esporte no Ceará, que eu comecei a acreditar. No começo, foi muito difícil. Minha mãe sempre trabalhou nas barracas de praia onde moro, ganhava pouco. Então era difícil comprar equipamento. Sempre dependi de todo mundo que ia para o Cauípe treinar. Só que meu tio me incentivou, disse que eu podia crescer com isso e eu não desisti", relembra.

Espelho

Mesmo apontado como o maior nome da história do esporte, Mário ainda mora com a mãe na mesma região onde cresceu e foi revelado. Antes, o sonho era construir uma casa para a mãe, depois passou a ser o próprio imóvel. Com os objetivos alcançados, o novo sonho é se tornar uma referência para as outras crianças que desejam se tornar profissionais no mesmo esporte que o dele.

"Eu dei muito orgulho para o pessoal do Cauípe. Lá tem muita criança que veleja bem. Recebo uma quantia de material por ano, então empresto tudo e deixo todos treinando porque sei que um dia vou parar. Penso em trabalhar como professor de kite, montar uma escolinha, porque sei do potencial deles. Quero ajudar para continuarmos representando o Cauípe, Ceará e o Brasil muito bem", afirmou Carlos Mário "Bebê".


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