Brasileiro surfa no frio extremo

Legenda: Gil Ferreira em ação nas ondas de Unstad em um frio de -5 graus. Lá, ele está em casa
Foto: FOTO: OLIVIER MORIN/AFP

Sob a chuva gelada, o brasileiro Gil Ferreira se congela enquanto veste um ajustado traje de neoprene, antes de entrar no mar para surfar as ondas hostis e atrativas do Ártico. É na baía de Unstad que ele e mais 31 surfistas participam da Lofoten Masters, a única competição de surfe no extremo norte do planeta.

Gil Ferreira e seus colegas desafiam intempéries para surfar. "Todo mundo pensa que eu sou louco. Me dizem: 'mas o que você tá fazendo? Tá muito frio'. Eu estou acostumado, só isso", explica o brasileiro, que é de Natal, no Rio Grande do Norte.

"Gosto quando as pessoas ficam perplexas com o que eu faço", acrescenta. Aos 32 anos, o brasileiro se impôs pela quinta vez no mar gelado, com temperaturas que rondaram os 5ºC. Somente com uma roupa de neoprene de 6 milímetros de grossura, luvas, capuz e botas, é possível encarar essas condições.

"No Brasil, você coloca uma bermuda e vai pra praia. Aqui, você precisa se vestir fora da água. Surfar a -5 graus é um golpe para o corpo quando você tira a roupa. Se você surfa mais de duas horas, já não sente mais os dedos, é bastante extremo", explica Ferreira.

O brasileiro se mudou há nove anos, depois de se apaixonar por uma norueguesa. Desde então, o Ártico é seu campo de jogo favorito. Gil Ferreira começou a surfar em Natal. Quando menino, vendia cocos na praia e ficou atraído pelo surfe. Por ter pouco dinheiro, começou a se aventurar utilizando a bandeja com a qual carregava os cocos.

Quando a "prancha" quebrou, sua mãe fez uma proposta: compraria uma de verdade, mas ele teria que trabalhar mais para poder pagá-la. A partir daí, passou a vender 50 cocos em vez de 20, saldando a dívida e se tornando surfista profissional.