Atleta supera febre de 40ºC para dominar arremesso de peso

Nos Jogos Pan-Americanos de Lima, o brasileiro Darlan Romani dominou a prova após uma infecção na garganta quando chegou à Lima. No atual cenário, ele é um dos favoritos à medalha de ouro nos Jogos de Tóquio, em 2020

Legenda: Darlan Romani faturou o ouro no Pan de Lima
Foto: Luis Acosta/AFP

Na primeira das seis tentativas que teve na noite da quarta-feira (7), Darlan Romani arremessou o peso a 20,81 metros, distância que já seria suficiente para lhe dar a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Mas o catarinense de 28 anos ainda faria outros cinco arremessos melhores do que esse, o último a 22,07m, para quebrar o recorde da competição e confirmar um domínio impressionante na prova.

Tudo isso mesmo em recuperação após ter uma infecção na garganta que o fez chegar a 40ºC de febre às vésperas de estrear no Pan. O atleta passou 29 horas viajando da Europa ao Peru, com escalas na Colômbia e no Brasil. Quando, enfim, chegou a Lima, já não se sentia bem. Um erro de logística para o qual ele não quis apontar culpados.

Na primeira noite na capital peruana, acordou de madrugada queimando na cama. Tomou antibiótico pela manhã, mas após quatro horas a febre ainda não tinha baixado.

"Tive dor nas articulações, levantava da cama para ir ao banheiro e ficava tonto, não conseguia tomar água e estava suando um monte. Numa noite troquei sete ou oito vezes de roupa porque ela estava toda molhada", relatou o atleta brasileiro.

Sua esposa, Sara, saiu do Brasil e foi ao seu encontro. Ele deixou a vila dos atletas para ficar com ela em um hotel. Não apenas a parte física, mas a psicológica também estava abalada para competir. "Eu pensei em desistir. Tive uma conversa e disse que ia pedir baixa, mas o médico disse que eu estava tomando um remédio 'pancada' e ficaria bem".

A medicação fez o efeito esperado, e Darlan conseguiu descansar para não só suportar a prova, mas melhorar seu desempenho a cada arremesso sob o frio que fazia no Estádio Atlético Peruano.

A medalha de ouro confirma uma ótima fase do brasileiro. Em junho, ele arremessou a 22,61 m durante um evento da Liga Diamante nos EUA, recorde sul-americano e 10ª melhor marca da história em todo o mundo. Ela seria suficiente, por exemplo, para garantir medalha de ouro em todas as edições dos Jogos Olímpicos.

"Eu não costumo falar de marcas ou medalhas, o que sempre falo é que me dedico 200% a cada treino. Sou um ser humano e posso passar qualquer coisa, como aconteceu aqui. Mas ainda não cheguei aonde tenho sonhado, então acho que vem coisa boa pela frente", disse, após a prova que lhe deu o ouro.

Desde 2003, apenas dois atletas tiveram performance melhor do que a dele: o neozelandês Tomas Walsh e o americano Ryan Crouser. Os dois foram medalhistas olímpicos na Rio 2016, quando o brasileiro ficou em 5º lugar. Lá, sua melhor tentativa foi 21,02 m.

"A gente torce um pelo outro. Quando alguém faz o resultado, o outro dá os parabéns. É muito legal. Nossa prova está crescendo cada vez mais e isso é gratificante".