Após frustrações, Marcelo Paz coroa o Fortaleza com o título

Para o presidente do Fortaleza, os insucessos de duas tentativas de subida para a Série B, com ele à frente do futebol, sedimentaram o caminho para que quebrasse paradigmas, fizesse o Leão evoluir ao título e à sustentabilidade

Durante dois anos, 2015 e 2016, quando foi diretor de futebol do Fortaleza, o presidente Marcelo Paz viu escorrer pelas mãos o acesso de sua equipe à Série B do Campeonato Brasileiro. Teve que engolir calado as repetidas críticas "É neófito! É empresário de futebol! Não conhece o ramo". Tudo isso martelou na sua cabeça.

Mas duas temporadas depois, o dirigente mostra ao cenário esportivo que é capaz de quebrar paradigmas e proporcionar ao Leão do Pici a chance de se tornar autossustentável, a partir do modelo de gestão e do sucesso conseguido em campo.

Como diretor de futebol, na gestão do presidente Jorge Mota, Marcelo Paz se sagrou campeão cearense. De forma pessoal, Marcelo Paz se empenhou para trazer o autor do gol do título, o centroavante Cassiano.

Chegada a Série C, o time foi eliminado pelo Brasil de Pelotas, nas quartas de final. Já foi um duro golpe, e os elogios recebidos no Estadual, diminuíram no Brasileiro. Passou-se o tempo e, em 2016, novamente como diretor de futebol, Marcelo Paz ajudou o Leão a ser bicampeão, mas na Série C outro problema: o Juventude impediu o acesso.

No ano de 2017, ele se tornou vice-presidente de Luís Eduardo Girão, o mecenas que ajudou o Leão a finalmente subir para a Série B. E na renúncia de Girão, assumiu a presidência, com a missão de buscar meios para fazer o clube andar com as próprias pernas, sem necessitar de um homem abastado para despejar dinheiro na agremiação.

Aprendizado

"Na Série C, sem dúvida, que teve um aprendizado para lidar com as frustrações que o torcedor tinha, de vários anos sem conseguir o acesso. Aprendizado de saber que no futebol, o que vai valer é o resultado final. Eu usei uma frase do Raí, dirigente do São Paulo, que disse: "Não existe trabalho bem feito no meio do campeonato. Só se avalia quando termina tudo", comentou Marcelo Paz.

A persistência é uma característica de Marcelo Cunha da Paz, fortalezense de 35 anos, segundo filho do casal Mardônio (professor) e Conceição (funcionária pública). Ele tinha tudo para ser apenas mais um educador e ter sua visão do mundo restrita ao ambiente escolar.

Sua paixão pelo futebol, que o fazia colecionar figurinhas da Revista Placar, manter times de futebol de botão, buscar sempre o que acontecia no mundo esportivo, levou-o mais longe.

Administrador

O presidente do Leão se preparou para a função, pois antes de ser dirigente, formou-se em Administração de Empresa. Fez parte da diretoria do Estação, clube amador, revelando valores para o futebol local. Tornou-se comentarista esportivo, e sempre teve a vida ligada ao futebol e à gestão escolar. Buscou investimentos para o clube, como o patrocínio da Caixa Econômica Federal, aumento do número de sócios-torcedores, de tal modo que, aliado às boas arrecadações, fez o Leão caminhar com as próprias pernas.

Maior desafio

Marcelo Paz encarou uma gestão que envolve paixão, como o futebol, mas seguiu adiante, com estratégias de marketing que alavancaram receitas.

"Eu dizia para mim mesmo: 'é o meu maior desafio como gestor tornar esse clube autossustentável'. A gestão envolve liderança, ousadia e paciência. E foi grande o desafio, mas coroamos com uma campanha espetacular", disse o dirigente. Para o ano de 2019, o clube dobrou a previsão de receitas na Série A do Brasileiro.