Análise: Fulminante no início do 1º tempo, Ceará vence o Leão pela Série A

Com uma estratégia ofensiva e de pressão inicial competente, Ceará faz dois gols relâmpagos no 1º tempo, segura o resultado na etapa final, após crescimento do Fortaleza, e vence 1º Clássico-Rei na Série A

Legenda: O Ceará iniciou o jogo ligado e fez o 2º gol com Felipe Cardoso, de cabeça
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

Valeu a pena esperar. Claro que 26 anos é muito tempo para um novo jogo entre Ceará e Fortaleza pela Série A, que não duelavam desde 1993, pela grandeza das duas equipes, mas quem acompanhou a partida pela 13ª rodada da Série A, sem dúvida, pôde sentir o peso e a magnitude de um Clássico-Rei na elite do futebol brasileiro.

Com vitória justíssima do Ceará por 2 a 1, o jogo foi de tirar o fôlego em emoção, com a marca da ousadia alvinegra. Afinal, para vencer um jogo tão grande, historicamente equilibrado, é preciso algo mais, uma diferencial que surpreenda o adversário.

E foi o que o Ceará de Enderson Moreira fez no 1º tempo. Com marcação alta, equipe encaixada e surpresa na escalação - Lima e Leandro Carvalho iniciaram como titulares -, o Vovô surpreendeu o Fortaleza taticamente. O Leão não conseguiu encaixar sua marcação nos jogadores ofensivos do Ceará: Felipe Cardoso, Lima, Leandro Carvalho buscaram espaços na defesa tricolor, permitindo um domínio inesperado e que deu resultado imediato.

Logo com 1 minuto, Felipe Cardoso acertou a trave, mostrando um time seguro contra um rival desencaixado. Assim, era questão de tempo para outra lance de perigo alvinegra: em grande jogada coletiva, entre Lima, Fabinho e Leandro Carvalho, o camisa 82 cruzou para Thiago Galhardo, aproveitando 'clarão' na defesa leonina para abrir o placar aos 14 minutos.

E na contramão do futebol brasileiro, com um time recuando ao abrir o placar, o Ceará fez diferente. Como em uma luta de boxe, quando o lutador aproveita que o adversário está cambaleando após um soco, o Ceará continuou atacando, se mostrando superior no jogo. Aproveitando outra falha da defesa do Fortaleza, Galhardo quase ampliou, com o goleiro Felipe Alves salvando. Mas a defesa do camisa 1 cedeu escanteio, com Ricardinho cobrando na cabeça de Felipe Cardoso para fazer 2 a 0 para o Alvinegro.

Com os dois gols de desvantagem, o Fortaleza teve muita dificuldade para se sobrepor à sólida defesa do Ceará. E o Tricolor jogava com uma formação ofensiva, mas talhada para buscar os contra-ataques, com Romarinho, Osvaldo, André Luis - a novidade no lugar de Edinho - e Wellington Paulista. Do lado alvinegro, o volante Fabinho e os dois zagueiros, Luiz Otávio e Valdo, fizeram uma partida praticamente perfeita e anularam o quarteto tricolor, principalmente Osvaldo e Romarinho.

Pela vantagem construída e o ritmo intenso de início de jogo, o Ceará foi diminuindo o ritmo, mas sem sofrer defensivamente pela partida muito abaixo do Leão, ineficiente na criação de jogadas com os volantes bem marcados.

Foi quando uma marcação errada nos minutos finais do 1º tempo mudou o andamento da partida que se mostrava tranquila para o Ceará. Aos 42 minutos, o atacante tricolor André Luís disputou a jogada com Luiz Otávio e caiu. O árbitro Heber Roberto Lopes marcou falta fora da área, mas após intervenção do VAR, o pênalti foi marcado. Um erro duplo da arbitragem, já que a falta não existiu, e se foi marcada, o contato foi fora da área.

Com o Fortaleza não tinha nada a ver com isso, Juninho bateu a penalidade e diminuiu para o Fortaleza. Com a marcação da arbitragem, os ânimos ficaram exaltados e foi difícil controlar até o fim da 1ªetapa.

Outro jogo

Como não poderia deixar de ser, ter diminuído o placar fez o Tricolor de Aço crescer no jogo, pressionando o Ceará. O técnico do Leão, Rogério Ceni, tirou um apagado Osvaldo para a entrada do argentino Mariano Vázquez.

O meia armador deu uma maior fluidez ao meio campo leonino, com a equipe ganhando o meio, e as chances aparecendo, com Wellington Paulista, Carlinhos e Romarinho, esta a melhor, para grande defesa de Diogo Silva.

Na reta final do jogo, ficou nítida a estratégia diferente dos treinadores. Rogério Ceni, sentindo o melhor momento do Leão, pôs atacantes Edinho e Kieza. Já Enderson Moreira, vendo sua equipe perder o meio campo, lançou Wescley, Pedro Ken e Fernando Sobral.

As alterações alvinegras fizeram o Ceará perder força ofensiva, precisando segurar a pressão leonina até o último lance, mesmo depois da expulsão do lateral-esquerdo Carlinhos, aos 43 minutos.

Com o apito final, a efusiva comemoração alvinegra - tanto torcida quanto jogadores - de quem sabe da importância de vencer um Clássico. O Vozão ganha um moral imensa e sobe de posição - dormindo em 9º com 17 pontos - enquanto os tricolores já ligam o sinal amarelo após duas derrotas seguidas, estacionando na tabela com 14 pontos.