O Fortaleza fez tudo o que não podia, ontem, diante do próprio torcedor. Atuando na Arena Castelão, comportou-se mal ao precisar ser protagonista e acabou derrotado pelo Fluminense, por 1 a 0, desperdiçando oportunidade de subir na tabela da Série A do Brasileiro. O gol carioca, aos 40 do 2º tempo, veio como um xeque-mate de um rival que criou pouco, mas sempre levou perigo à meta de Felipe Alves.
O resultado não deixa o Leão na zona de rebaixamento, mas diminui a margem de segurança do clube, que pode encerrar a 18ª rodada da competição com uma gordura de apenas quatro pontos do Z-4.
Lapso de agressividade
O início do duelo foi fulminante: linhas de marcação adiantadas, pressão na saída do Fluminense, volantes se postando à frente do circulo central, laterais posicionados de forma aguda no campo. Quando pareceu que o Fortaleza ia agredir, tudo acabou, quase aos 10 minutos do 1º tempo.
As características foram desfeitas após todo o volume de jogo não ter sido convertido em gol - diga-se de passagem, muito por fruto do goleiro Muriel, que fez uma grande jogo. Mais uma vez, o Leão oscilou em campo para manter uma regularidade tática e foi pacato, por vezes, com medo de agredir um adversário que tem no setor defensivo a maior carência em campo.
Adotando o esquema 4-3-3, com três volantes, o Fortaleza até chegava com facilidade, mas faltava qualidade para converter o contra-ataque em perigo. Resultado: errou muitos passes no último terço do campo e, apostando na bola longa, terminou o jogo tendo acertado apenas 32% dos cruzamentos realizados.
Mesmo atacando com muitas peças, induzindo o time de Oswaldo de Oliveira a ficar mais recuado, era previsível. Isso porque faltava individualidade, peças que pudessem quebrar as linhas cariocas quando a formação coletiva não funcionava.
Com Ganso e Nenê formando o meio, o Fluminense era lento e 'matava' o ímpeto leonino com o excesso de passes trocados: 409, totalizando 87% de aproveitamento. Sem velocidade, o Leão não tinha forças para se desvencilhar, o que atrapalhava o desenvolvimento da equipe tricolor, refém do pragmatismo.
Tentativa por mudança
É normal estar em fase de testes com a chegada do novo treinador. Zé Ricardo está apenas na 4ª partida - agora com duas derrotas, um empate e uma vitória. No entanto, a falta de capricho tem tido reflexo no resultado, uma vez que a equipe finalizou 18 vezes, sendo metade dentro da área, e o restante fora. O número se manteve nos dois períodos de jogo, mesmo a reta final tendo um Fortaleza com quatro atacantes, sendo Osvaldo o atleta mais centralizado.
A conjuntura se deu por falta de organização no momento da recomposição. A presença de mais peças ofensivas não mudou o panorama do duelo, como ocorreu frente ao Santos. Inclusive, é a 3ª vez que Zé Ricardo tenta impor uma nova forma de atuar nos 45 minutos finais. Dessa vez, Mariano Vázquez, no entanto, sequer foi lançado ao jogo.
A carência segue no momento da armação, o que deve ser corrigido com a melhor definição do esquema. Acostumado ao 4-4-2, as peças do Fortaleza ainda apresentam situações de jogo programadas, o típico movimento automático que força um padrão antigo. Wellington Paulista recuado, por exemplo, diverge da situação de pivô então estipulado com apenas um centroavante.
O que pesa contra as variações é que decepcionar em casa traz consigo mais pressão. Contra o Goiás, o jogo não foi memorável, mas o resultado existiu, mesmo na raça e com um atleta a mais. A resposta técnica precisa vir com urgência até para estampar confiança na abertura do 2º turno.
Agora é mais uma semana de trabalho e um clássico nordestino no caminho: o Bahia, domingo (15), na Arena Fonte Nova. Como visitante, o desempenho tricolor até melhora, tendo conquistado oito dos 21 pontos somados na tabela, o 9ª melhor fora de casa.