A pressão era evidente. Antes da bola rolar, torcedores do Ferroviário exibiam faixas ao inverso nas arquibancadas do estádio Presidente Vargas (PV) em protesto. O Tubarão da Barra então precisava de uma resposta imediata e assim fez ao vencer o Horizonte por 2 a 0, ontem, pela 5ª rodada do Campeonato Cearense.
Resultado de alívio e também de evolução. Desde que Anderson Batatais assumiu o plantel coral, são duas vitórias, oito pontos ao todo e um salto para a 3ª colocação - cinco de distância para o líder Guarany de Sobral.
O detalhe no exposto é que foi a 1ª vez em 2020 que o Ferrão repetiu a escalação e o sistema tático: 4-4-2. Não que o duelo tenha sido um primor, mas a mínima organização de uma equipe totalmente reformulada fez a diferença diante do Galo do Tabuleiro.
Assim, o volume coral foi produzido no erro imediato do adversário: uma linha de impedimento defensiva equivocada, uma saída de bola errada ou a própria falta de compactação no meio-campo.
Panorama é justamente o do gol do Ferroviário que abriu o marcador. Aos 18 minutos, uma falta mal ensaiada parou nos pés de Magno. O camisa 10 ligou o meia Caíque que, sozinho, finalizou no fundo das redes de Diego.
O ímpeto no sistema tem reflexo na nova filosofia de jogo. Antes excessivamente adepto da bola alçada na área, o Ferroviário começou a priorizar a armação com passes em velocidade, muito pela disposição do atacante Léo Bahia.
E se o Horizonte acelerou o ritmo para surpreender e tentar se distanciar da lanterna do Estadual, a intensidade era inofensiva. No 3-5-2, o time do técnico Roberto Carlos concentrava os lances no ala Leozinho, aberto pela pontas, mas sequer arrematava na meta de Nícolas - mais precisamente, o 1º tempo reservou apenas dois lances ofensivos.
Imposição com cautela
Com cenário favorável, o Ferroviário se resguardou. O retorno do intervalo foi de linhas recuadas, menos pressão e uma estratégia bem definida: contra-ataque.
Do outro lado, mesmo necessitando do placar, o Horizonte retirou o centroavante Ramon em uma tentativa de povoar o meio. Mexida fatal pela desmobilização do ataque, sem referência.
No duelo à beira do gramado, mais uma vez, melhor para o Tubarão. Em uma jogada coletiva desde os zagueiros, o time arrancou pelos lados com Léo Bahia, aos 8. Dentro da área, serviu Caíque, que apenas empurrou para o gol vazio, se isolando na artilharia da equipe com três tentos.
O marcador ainda poderia ser ampliado se Willian Machado não desperdiçasse uma chance nítida. No fim, triunfo de sustos, mas ainda aquém ao que o Ferroviário se propõe a ser no cenário cearense.
Ao Horizonte, que atua com uma equipe praticamente sub-20, o alerta é de rebaixamento. Com um ponto em cinco partidas, só não cai se vencer as próximas duas partidas e torcer contra o Pacajus.