Análise: Empate com o Ceará mostra força de reação contra o Corinthians

Após sofrer dois gols no 1º tempo, o Alvinegro de Porangabuçu voltou melhor para a etapa final, não se intimidou em Itaquera e conseguiu deixar tudo igual, retornando para a capital cearense com mais moral na Série A do Brasileiro

Coroado pela ousadia. Mais do que heroico, o empate com o Corinthians por 2 a 2, após sair perdendo por dois gols de diferença no 1º tempo, funciona como uma resposta do Ceará na Série A do Brasileiro: tem qualidade técnica para brigar por mais.

Não que tenha tantos efeitos na tabela de classificação, com o Alvinegro de Porangabuçu assumindo provisoriamente a 12ª posição, com 21 pontos. O impacto direto é na autoestima e no poder de reação do time, afastando de vez a sequência negativa de derrotas no Brasileirão.

Sim, falamos apenas de um empate. Mas diante de 40 mil torcedores e encarando um time que não perdia há 13 jogos, buscar o resultado merece ser reverenciado, ainda trazendo a ressalva que o placar poderia ser glorioso não fosse o gol contra de João Lucas, logo aos 26 da etapa inicial.

Até aquele momento, o Ceará soube se comportar em campo, com linhas de marcação bem postadas e uma estratégia de contra-ataque desenhada. Thiago Galhardo brilhou no papel de armador, não à toa somou cinco dos oito arremates da equipe - sendo um deles (transformado em gol) o responsável por recolocar o Vovô na partida.

Punido em mais um gol corintiano, agora de Vagner Love, por desejar demais, pelo menos, o empate, houve discernimento do Vovô para equilibrar o duelo em ações e manter o padrão tático. Os números, por si só, ressaltam o empenho mediante o rival paulista: mais finalizações no gol (6), escanteios (8), dribles (11) e cortes da defesa (24).

Mesmo com a posse de bola do Timão - 60% contra 40% - o índice foi um alento ao apresentado, com um 2º tempo que merecia a pontuação por parte do Ceará. "Temos um poder bom de enfrentamento. Os gols não saem por acaso. Fazemos jogadas de lado, damos profundidade. Empatar é um pouco de merecimento pelo que a gente construiu hoje", destacou o técnico Enderson Moreira.

Reação e tabu

A obra-prima de Leandro Carvalho no fim, um gol olímpico aos 47 do 2º tempo, chegou para chancelar uma série de escolhas coerentes por parte do comandante. Sem abdicar do esquema 4-2-3-1 no início, o Ceará soube ser agressivo para reagir, adiantou as linhas de marcação e criou volume sem correr riscos atrás - o Corinthians nem sequer chegou à meta de Diogo Silva.

Ao retirar o maestro Ricardinho, autor de uma assistência, para a entrada de Willian Oliveira, o treinador corrigiu erros na marcação e preencheu mais o meio-campo. Sacando Lima, perdido em campo, trouxe fôlego para os extremos do setor e assim se impôs, apresentando um elenco que chegou próximo dos 90 minutos mais inteiro.

O placar foi, no mínimo, justo. Sem esquecer de exaltar o acerto do VAR ao reverter o vermelho de Tiago Alves, deixando o Vovô com 11 até o fim.