Amandinha diz que 'zerou game' com título mundial, mas quer mais

Eleita cinco vezes a melhor jogadora do mundo no futsal, a cearense diz que seguirá no Brasil para lutar por mais valorização - dentro e fora de quadra. Ela, que é torcedora do Ceará, espera que o clube invista em outras modalidades

Legenda: Amandinha ganhou tudo o que poderia ganhar no futsal
Foto: Natinho Rodrigues

Amandinha é diminutivo, mas está longe de ser pequena. É traduzida em talento e tem status de grandeza equiparado ao de Marta, Pelé e Falcão. Eleita cinco vezes a melhor do mundo no futsal, maior nome feminino da história da modalidade, a cearense agora atingiu o ápice das conquistas e "zerou". Ela, sem rodeios, explica o significado do título da Copa Intercontinental, o Mundial de Clubes, conquistado com as Leoas da Serra sobre o Atlético Navalcarnero/ESP. A nova taça da atleta, que marcou dois gols na final, completou a galeria dos troféus que possui na carreira - ganhando todos que uma atleta profissional poderia ter.

"É uma brincadeira com a expressão de zerar os games, que é passar todas as fases. Ser campeã mundial interclubes fechou a minha lista de títulos. Com a Seleção fui campeã mundial e sul-americana. Com os clubes ganhei todos os títulos estaduais, nacionais, sul-americanos, e agora, o intercontinental. Então, zerei".

A cearense chegou à Seleção Brasileira em 2013 e faturou as três Copas do Mundo das quais participou. O apetite voraz de Amanda Lyssa de Oliveira Crisóstomo ganhou as quadras e está longe de findar diante do que o tempo reserva para quem só tem 24 anos.

Busca pela valorização

Quanto é o salário da maior jogadora de futsal da história? Diferente do que se pode pensar, não passa de R$ 5 mil - valor do início da temporada. Amandinha rumou para Santa Catarina, aos 19 anos, para jogar no Barateiro, de Brusque, e lá também foi campeã. Mas o clube encerrou as atividades do plantel feminino em 2017. Isso a levou ao time das Leoas da Serra, de Lages.

Com inúmeras propostas do futebol europeu, as amarras do Brasil são fincadas no compromisso com a modalidade. Para além do crescimento individual, a atleta quer ver um esporte mais valorizado. "Fiquei no Brasil para continuar lutando todos os dias por mais reconhecimento e visibilidade para o futsal nacional e mundial até fazer parte dos Jogos Olímpicos", disse.

Em 2014, quando a Seleção foi campeã mundial sobre Portugal, a equipe não tinha dinheiro para viajar para Guatemala e só conseguiu participar da competição graças ao apelo das jogadoras nas redes sociais.

Atualmente, a Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) não tem sequer uma liga nacional para os times femininos, que dependem de torneios regionais e convites do exterior.

Paixão alvinegra

O coração de Amandinha é preenchido pelo futsal, mas também carrega outra paixão de infância: o Ceará Sporting Club. Mesmo de longe, ela acompanha o time alvinegro. Quando está de férias, vai sempre à Arena Castelão.

A temporada, inclusive, marcou o relançamento do time de futsal - masculino - do Vovô e o lançamento da equipe de futebol de campo na Série A2 do Campeonato Brasileiro Feminino. O time está nas quartas de final e decide o acesso para a elite contra o Cruzeiro.

"Eu joguei pelo Ceará quando pequena. Espero que o clube invista em modalidades femininas, é muito importante. Mas é precipitado falar que eu jogaria pelo clube, tem muita coisa pela frente", esclareceu Amandinha.


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