A campanha como elemento definidor

Os números estão apontando as possibilidades maiores e menores dos concorrentes às quatro vagas de semifinalistas. O Ceará, Ferroviário e Fortaleza têm ampla vantagem, faltando quatro rodadas para encerrar a segunda fase do certame. Na disputa pela quarta vaga, estão Atlético, Horizonte, Guarany de Sobral e Floresta, com o mesmo número de pontos e vitórias. As posições estão definidas pelo saldo de gols. A campanha geral tem fundamental importância, porque poderá ser critério definidor do título. Diz o regulamento que "ao fim dos dois jogos, em caso de empate em pontos e no saldo de gols, o clube com melhor campanha será o campeão". Nesta parte, observem a campanha do Ceará, líder do certame. Se assim continuar, terá vantagem na decisão, jogando por dois empates ou uma vitória e uma derrota, com igual saldo de gols. Os recentes resultados do Leão (derrota para o Atlético e empate com o Ferroviário) poderão colocar o Fortaleza em desvantagem na fase final. Ganhar um campeonato requer, portanto, estratégia em todos os segmentos. Uma delas é alcançar a vantagem da melhor campanha como desempate na decisão.

Irritação

O técnico Rogério Ceni revelou-se irritado com as perguntas de alguns cronistas, quando da entrevista após o empate com o Ferroviário. Ora amigos, não perder a calma é uma qualidade que ajuda o treinador em qualquer circunstância. Além de servir de exemplo aos comandados, gera reflexão no próprio grupo de jogadores.

Equilíbrio

Sou admirador de treinadores que não perdem a tranquilidade, dentro ou fora de campo, sejam quais forem os resultados ou as situações adversas que estejam enfrentando. Por mais insinuante que seja a pergunta, capciosa ou não, o bom profissional treinador saberá dar a resposta certa, sem a necessidade de apelações ou provocações.

Fraqueza

Na minha impressão, treinador que apela não raro o faz por falta de argumentos. Mas isso não seria o caso de Ceni, que já provou sua competência ao ganhar o título nacional da Série B. Portanto, a irritação de Ceni parece mais decorrente do estresse do dia a dia, máxime quando as coisas não andam como ele prega e quer.

Reserva eu tenho com relação a alguns treinadores cujas reações ultrapassam os limites do razoável. Luís Felipe Scolari é um deles. Às vezes, manso e gentil; às vezes, grosso e intolerante. Técnico foi Vicente Feola que, com a mansidão de um sacerdote, jamais perdeu a calma. E exatamente assim ganhou para o Brasil a primeira Copa do Mundo. Detesto treinador que se acha com o rei na barriga.

Bobinhos são os técnicos, atletas e cronistas que assumem a pose de celebridade intocável. Aliás, bobinhas são todas as pessoas que se julgam acima do bem e do mal. Comandar é uma arte. Não há necessidade de gritos, ofensas, intolerância, humilhações. O verdadeiro líder opta pelo diálogo e troca de ideias. Não se arvora de dono da verdade. É manso de coração.