Ressignificar a vida: valorizando a essência duradoura em detrimento da aparência efêmera

Situação na qual nos encontramos atualmente tem-nos dito, por meio de suas imposições cruéis de distanciamento físico, que devemos valorizar a Essência Duradoura em detrimento da Aparência Efêmera.

Escrito por Priscila Diniz ,
Legenda: Foto: Gustavo Pellizzon/SVM

O momento atual vivenciado no mundo inteiro nos faz olhar para dentro de nós mesmos com mais atenção ou, pelo menos, assim deveria ser, para dias melhores e mais conscientes na posteridade. Entretanto, realizar tal feito exige de nós exercícios de difícil resolução, sendo eles: paciência, respeito à Essência em detrimento do Ego e, somente após isso, a tão superficialmente citada empatia.

Olhar para o outro exige renúncia de nós mesmos. Servir é uma palavra carregada de sentidos superiores, mas pouco ou quase nada praticada. Ora, mas o que tudo isso tem a ver com relacionamento amoroso? Tudo.

Para chegarmos a essa compreensão, teremos de suspender nossos a “priori” – não julgar – para então ressignificarmos a real funcionalidade de uma relação, seja ela amorosa, fraternal, filial ... Em resumo, tal objetivo consiste em nossa evolução. Afinal, o objetivo de quaisquer relações é nos tornar mais evoluídos e melhores. Caso isso não ocorra, devemos repensar o sentido da mesma. Não quero dizer que é do outro a responsabilidade por minha evolução e vice-versa, pois cada ser faz as próprias escolhas, no entanto, podemos potencializar ou não a nossa evolução e a do outro.

Concernente aos relacionamentos de ordem amorosa, há alguns “detalhes tão pequenos...”, citando Roberto Carlos, que se tornam verdadeiros abismos, engolindo as relações com o passar do tempo. A situação na qual nos encontramos atualmente tem-nos dito, por meio de suas imposições cruéis de distanciamento físico, que devemos valorizar a Essência Duradoura em detrimento da Aparência Efêmera.

Os relacionamentos amorosos devem ser construídos sobre uma base sólida, consistente e verdadeira, para que sejam suportados os dias de angústia, tristeza, incertezas e dores, estes que são demasiadamente densos e pesados, fazendo ruir ao primeiro impacto a mais frágil estrutura. O tempo deverá ser a argamassa dessa estrutura de base, pois é o que une todos os fatores fortificadores:

  • Empatia: capacidade de sentir a dor do outro, de olhar com os olhos do outro.
  • Capacidade de ouvir o outro: todos necessitamos de um colo acolhedor que não nos julgue, mas simplesmente nos ouça respeitosamente.
  • Respeito: compreender as limitações do outro, aceitando que há uma diferença entre o casal, mas que ela deve ser respeitada e discutida sempre que necessário.
  • Cumplicidade: nos passa sensação de acolhimento e confiança.
  • Segurança: podemos ser quem somos tendo a sensação de fortaleza no outro. Sentir segurança é ter força e coragem para enfrentar os desafios impostos pelas vicissitudes da vida.
  • Lealdade: capacidade de ter fidelidade aos compromissos assumidos, contribuindo para a dignidade nossa e do ser amado.
  • Carinho: manifestação delicada de zelo, cuidado.

Tais características podem e devem ser aprendidas nesta grande escola de aprendizagem que são os relacionamentos amorosos, mas precisamos estar dispostos e conscientes dessa necessidade em nós e isso requer humildade. Importante lembrá-los de que precisamos desenvolver tais características para com nós mesmos e, a partir daí, dedicá-las a outrem, afinal, você jamais fornecerá ao outro o que não possui capacidade para fornecer a si mesmo.

Os caros leitores devem estar se questionando como saber se possuem tais características. Sugiro com carinho que façam de modo muito sincero e transparente um exame em suas consciências pois, certamente encontrarão as respostas de que necessitam. Caso o resultado seja negativo, está na hora de olhar com mais carinho para dentro de si mesmo e resgatar a própria essência amorosa que, certamente vocês possuem.

Estar aberto para semear o amor é o primeiro passo de muitos em sua jornada evolutiva em todas as áreas da vida. Os efeitos da pandemia são diversos, mas o principal deles deve ser o ressignificar de sua existência: como você tem vivido até aqui? Suas relações têm sido benéficas e têm contribuído para sua evolução enquanto sujeito? Sabemos que os efeitos da restrição social têm potencializado aspectos positivos e negativos dos relacionamentos amorosos, mas quantos de vocês estão dispostos a modificar a situação se ela não for benéfica? Qual sua parcela de responsabilidade pelas situações enfrentadas dentro de seu relacionamento amoroso? Mais do que saber o significado de cada sentimento citado anteriormente, precisamos colocar em prática tais ações em nosso dia-a-dia.

Comece por você, desse modo terá um relacionamento amoroso sadio, equilibrado e potencializador de suas melhores características. Namastê. 

Priscila Diniz

Psicóloga Transpessoal

CRP: 11/07636

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