Professora da rede pública procura doação de celulares para premiar alunos por trabalhos de ciência

Vídeos, quizzes e cartazes foram feitos pelos estudantes mesmo com dificuldade de acompanhar as aulas remotas por falta de acesso à tecnologia

Escrito por Redação ,
A aula acabou viram projetos de arte, cartazes e até quizzes
Legenda: A aula acabou viram projetos de arte, cartazes e até quizzes

A necessidade de incentivar a ciência se tornou ainda mais evidente durante a pandemia do coronavírus para a professora Regina Maria Teixeira, servidora da rede pública de ensino de Fortaleza. Vendo que os alunos estavam confusos sobre o isolamento social, demonstrando medo e incertezas sobre o vírus, a educadora resolveu transformar o conteúdo das aulas remotas para estimular a busca de conhecimento sobre a pandemia. Com isso, sites, cartazes, quizzes e vídeos explicativos foram feitos pelos estudantes, mesmo com a dificuldade de acesso às aulas remotas.

Regina explica que cada turma que ensinava na escola municipal Padre Antônio Monteiro da Cruz, no bairro Jardim Fluminense, tinha cerca de 40 alunos. O número de alunos caiu pela metade quando as classes precisaram ser mantidas à distância. “Uns não tinham internet, outros não tinham celular. A situação dos meus meninos é realmente de carência”, diz. A professora conta que muitos precisavam pedir celular e internet de vizinhos ou esperar para que a mãe voltasse do trabalho a noite para usar o aparelho emprestado. “Eu recebia atividade 1h da manhã”, relembra.

Por isso, Regina começou a procurar formas de premiar os alunos que mais se destacaram. Quando as turmas voltarem a receber aulas presenciais, a professora quer dar celulares para os primeiros lugares de cada classe. Ela busca o apoio de empresas ou doadores para que possa conseguir 13 celulares para os estudantes escolhidos. “Apesar de todo esse sacrifício, eles fizeram trabalhos belíssimos. Acredito que esse reconhecimento pelo esforço vai aumentar a autoestima deles”. Para os demais, diplomas de “Bioaluno” serão distribuídos como forma de incentivar o pensamento e a curiosidade científica nos adolescentes. 

Os trabalhos

O que é o coronavírus? Em qual país ele surgiu? Como é transmitido? Por que o isolamento social é importante? Estes são alguns dos questionamentos que o aluno Pablo, do 9º ano, fez em um quiz e disponibilizou para os outros colegas testarem os conhecimentos sobre o vírus. O material serviu para despertar conversas sobre a pandemia nos grupos de whatsapp em que a turma se reunia para as aulas. Assistindo o vídeo do aluno Pedro Henrique, do 8º ano, era possível responder todas as questões do teste. O material explicativo produzido e editado pelo aluno foi repostado até no site da Prefeitura de Fortaleza, de acordo com Regina.

Assim como eles, outros estudantes fizeram cartazes falando como se prevenir das doenças, um site que conta a história das vacinas e uma história em quadrinhos, que tinha como personagem principal a própria professora, explicando a importância da vacinação. Além disso, diferentes assuntos debatidos no semestre viraram maquetes e cartilhas. “Eu gosto que eles busquem, que eles tenham curiosidade. Eu tento despertar neles o sentimento de cientista”, conta Regina. Ela lembra que ensinou aos alunos a procurar materiais para o trabalho dentro de casa, evitando gastos e reutilizando objetos recicláveis.

Como ajudar

Quem deseja entrar em contato com a professora Regina e ajudar com a doação de celulares ou outros aparelhos eletrônicos que possam auxiliar os alunos durante as aulas remotas deve enviar email para reginatx2020@gmail.com. 

 

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