Enfermeira de missões aeromédicas relata rotina: 'nosso trabalho é eficaz. A gente tenta até o fim'

Há seis anos trabalhando em Operações Aéreas, a enfermeira Patrícia Soares compartilha vivências marcadas por dedicação, desafios, amor e gratidão mesmo em meio à pandemia

Escrito por Redação ,
Legenda: Patrícia atua há seis anos como integrante da equipe de 20 profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Ciopaer
Foto: Arquivo pessoal

O resgate rápido e a atenção ao paciente têm que ser mantidos com qualidade mesmo em pleno ar. Com isso em mente, a enfermeira Patrícia Soares, 34 anos, atende pacientes com dedicação e agilidade durante missões aeromédicas organizadas pela Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). 

A profissional de saúde, formada em enfermagem desde 2012, compõe há seis anos a equipe de 20 profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atuantes na Ciopaer. Ao todo, as operações aéreas concentram 149 profissionais de segurança, incluindo pilotos, tripulantes operacionais e mecânicos. 

Nosso trabalho é eficaz, bonito. A gente tenta até o fim. Aquilo ali nos preenche de uma forma que não tem dinheiro no mundo que pague. Era meu sonho atuar na área. É a minha casa, é minha vida estar ali. 
Patrícia Soares
Enfermagem

Do resgate aos casos de queimadura e acidentes automobilísticos até o atendimento a bebês prematuros e vítimas de AVC, Patrícia se doa integralmente às variedades de casos que precisa lidar em seu cotidiano. 

“A enfermagem é acolhedora, faço o possível e o impossível naquele momento para salvar aquela vida. Quando vejo o retorno positivo, me engrandece muito. É isso que me mantém no dia a dia”, compartilha. 

Trajetória marcada por gratidão

Em mais de seis anos de serviço, foram muitos os resgates realizados por Patrícia. Apesar de nem sempre conseguir recordar as datas ou locais precisos das operações, guarda com afeto as lembranças compartilhadas com pacientes, como o segurar firme das mãos ou as conversas realizadas no trajeto

É um impacto não só na vida das pessoas, mas na nossa vida também, quando a gente vê que aquele paciente está vivo. Eles contam “poderia não estar aqui hoje”. A gente está aqui para isso, para estar lá naquele momento, para manter aquela vida e a pessoa sobreviver da melhor forma possível.
Patrícia Soares
Enfermeira

Dentre uma das operações que se destacam, o resgate de uma criança de 9 anos atropelada por um caminhão no fim de 2019 ainda ressoa em sua memória. “Ele teve o membro amputado na hora, mas fizemos o transporte e hoje a gente sabe que ele está bem. Perdeu apenas uma perninha, mas conseguiu viver”, detalha. 

Legenda: Ao todo, as operações aéreas da Ciopaer concentram 149 profissionais de segurança, incluindo pilotos, tripulantes operacionais e mecânicos
Foto: Arquivo pessoal

Mudanças após Covid-19

Durante a pandemia, Patrícia percebeu que o serviço aeromédico apresentou mudanças no perfil dos resgates. “Tivemos uma redução nos casos de afogamento, de acidentes automobilísticos, porque as pessoas estavam mais em casa. Esses casos específicos diminuíram, mas a gente manteve as ocorrências de prematuridade e AVC”, aponta. 

No entanto, o serviço não realiza o resgate de pacientes com Covid-19 por não ser possível isolá-los de forma segura na aeronave. Quando não está nas operações aéreas, Patrícia atua no transporte terrestre de pacientes com Covid-19, precisando enfrentrar outros desafios. 

“Temos que passar horas e horas com os EPIs, não podemos tirar a máscara para beber água. Às vezes são até 4 horas em uma ambulância”, coloca. 

Apesar de ter perdido colegas de trabalho e de ter se surpreendido com a rapidez da evolução dos casos, aponta que não foi invadida por sentimentos de medo ou desesperança. “Eu sempre tive força e fé para fazer meu trabalho valer a pena”, finaliza. 

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Serviço aeromédico

Segundo a SSPDS, os helicópteros da Ciopaer possuem equipamentos modernos com capacidade de configuração para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea. Dentre os equipamentos disponíveis estão: incubadoras de transportes de recém-nascidos, ventilador pulmonar, bombas de infusão e monitor multiparamétrico. 

Com isso, os profissionais de saúde conseguem ter ferramentas capazes de medir o nível de CO2 (dióxido de carbono) e, consequentemente, analisar se o paciente se encontra em choque, tendo baixo débito cardíaco.

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