Cearense viraliza nas redes sociais com registros de História Geral

Médico e também historiador, Diego Vieira reúne mais de 250 mil seguidores no Instagram. Perfil foi criado no embalo do sucesso da página no Facebook

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Legenda: Dentre as postagens mais recentes do perfil, Diego mostrou uma máquina de escrever partituras, usada na década de 1930

De um cartaz com registro dos protestos contra o mandato do ex-presidente Fernando Collor à lembrança da comunidade virtual "Eu Odeio Acordar Cedo", da extinta rede social do Orkut, o perfil @imagens.historia, no Instagram, faz um apanhado geral da história humana recente. Também graduado em História, o médico Diego Vieira mantém a conta para seguir em contato com os saberes históricos, dos mais específicos aos registros de apelo pop.

A página do Instagram é uma extensão da "fanpage" do Facebook. Enquanto cursava um doutorado em Antropologia, Diego largou a carreira de historiador para fazer Medicina e, limitado pela rotina de plantões da nova profissão, ele viu na criação do perfil uma possibilidade de manter vínculo com a primeira formação. 

O foco dele, desde o início, era postar sobre História no sentido mais amplo. Dessa forma, o perfil reúne curiosidades como uma foto do guitarrista Jimi Hendrix tocando com uma farda do Exército americano, em 1961, e ainda a imagem de uma máquina antiga de escrever partituras musicais. 

"Gosto de todas áreas de História, então nao me limitei e posto sobre tudo. O que agrada bastante as pessoas. Elas acabam encontrando temas específicos do Ceará que nem sabiam que existiram, como os campos de concentração criados para os exilados da seca no início do século XX", detalha Diego. 

O médico conta que percebeu o perfil "viralizar" a partir do momento que a página no Facebook tornou-se a maior do gênero no Brasil e já alcançou mais do triplo de seguidores do Instagram (que até a publicação desta matéria, reunia 252 mil pessoas). A fanpage chegou a ser derrubada três vezes, por conta de ataques virtuais de grupo extremistas. 

Comentários

Diego admite que não lê os comentários feitos no perfil, tanto no Facebook, quanto no Instagram. Ele coloca que a maioria da audiência não está disposta a debater na Internet e apenas quer forçar pontos de vista, "destilar ódio, preconceito, e coisas do tipo. Nem perco meu tempo acompanhando o festival de ofensas e robôs comentando. No máximo, quando algum seguidor me avisa que estão sendo cometidos crimes de ódio ou ofensas pessoais, eu vou lá e bloqueio o autor", conta o médico.

Ele credita o "péssimo clima político atual" a essa falta de diálogo nas redes sociais e prefere destacar algumas postagens que jogam luz a fatos históricos relevantes, sobretudo do Ceará.

"Poderia elencar muitas postagens que me orgulho, mas vou destacar aquelas que mostraram, para o Brasil todo, passagens importantes do nosso Estado, como os já citados campos de concentração, o massacre do Caldeirão (da Santa Cruz do Deserto) ou a história do Bode Ioiô", destaca.

Conciliação

Em termos acadêmicos, a História e a Medicina são cursos distintos, separados pelas categorias de "Ciências Humanas" e "Ciências da Saúde", respectivamente. Sem esse filtro, Diego vê que as áreas convergem mais do que fica claro ao senso comum.  

Legenda: Diego Vieira, o criador do perfil
Foto: Reprodução Instagram

"A Medicina é a maior das Ciências Humanas, e meu embasamento em Ciências Sociais me mostra que a saúde não abarca somente os processos fisiológicos do corpo, mas a relação do ser humano com o meio ambiente, sociedade, mundo do trabalho. As duas formações se complementam", observa. 

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