Idosos que 'moravam' em hospitais por não terem para onde ir serão transferidos para abrigos no CE
Reportagem do Diário do Nordeste mostrou que cerca de 50 idosos "moravam" em hospitais em Fortaleza.
Um idoso de 64 anos foi transferido, na última quinta-feira (11), para uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Ele já estava de alta médica, mas “morava” na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza por não ter para onde ir.
Conforme denúncia publicada no Diário do Nordeste no início deste ano, essa era a situação de cerca de 50 outras pessoas no Ceará.
Diante do cenário, a Secretaria de Direitos Humanos e o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Fortaleza iniciaram uma mobilização para encontrar abrigos adequados para esses idosos. A ação é acompanhada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE).
De acordo com o MPCE, um levantamento feito a partir de visitas sociais a pacientes hospitalizados durante o mês de outubro identificou ao menos 20 idosos internados sem necessidade médica. O homem desospitalizado na quinta-feira foi o primeiro beneficiado com a ação das secretarias e do MPCE.
“Morando no hospital”
A reportagem publicada pelo Diário do Nordeste sobre essa situação contou a história de um senhor de 74 anos que permaneceu internado por dois anos no Hospital Mental de Messejana (HSM) mesmo após receber alta, por não ter para onde ir.
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À época, a reportagem teve acesso a um levantamento do próprio MPCE que mapeou casos semelhantes. O órgão também denunciava que, apenas na Casa de Cuidados do Ceará — unidade da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) que deveria funcionar como espaço de transição entre o hospital e a residência —, havia 18 pacientes “ocupando uma vaga que é temporária”, segundo o promotor de Justiça Alexandre Alcântara.
De acordo com ele, a Casa de Cuidados deveria ser destinada à reabilitação por um período de 50 a 60 dias, mas havia idosos residindo de forma permanente no local.
“E o Estado não quer aumentar as vagas do Olavo Bilac, único abrigo público estadual para idosos”, criticou.
A reportagem apontou ainda a existência de idosos “morando” em unidades hospitalares como os Gonzaguinhas da Barra do Ceará e do José Walter, o Frotinha da Parangaba, os Hospitais da Mulher e Geral de Fortaleza (HGF), o Hospital Estadual Leonardo da Vinci (HELV), além de instituições como o Instituto do Câncer do Ceará (ICC) e a Santa Casa de Misericórdia.