Foto: Fortaleza em Fotos.
Em meados de 1870, o Ceará passava por uma das piores estiagens que se tem registro. O período chamado Grande Seca do Nordeste (entre 1877 e 1879) levou ao ápice da migração do Interior à Capital.
Como resultado, a população de Fortaleza subiu de 20 mil para 130 mil habitantes de 1872 a 1879. A junção da aglomeração de pessoas, a fome e as péssimas condições sanitárias levaram à proliferação de doenças, mais precisamente a varíola.
No segundo ano da grande seca, 1878, mais de mil pessoas faleceram em um único dia em Fortaleza acometidas pela doença. Esse episódio passou a ser conhecido como “Dia dos Mil Mortos”.
Na obra, o farmacêutico cearense Rodolfo Teófilo relata que o cemitério da Lagoa Funda, no atual bairro Jacarecanga, recebeu 1.004 cadáveres.
No obituário de dezembro daquele ano foram registrados 15.352 falecimentos na cidade, sendo 14.491 de varíola.
Retirantes foram contratados para trabalhar como coveiros devido à carga de trabalho. O cemitério ficava próximo ao ‘lazareto de Lagoa Funda’, hospital onde os doentes eram isolados da sociedade.
Para combater a doença, surgiu o primeiro imunizante na Inglaterra. Em Fortaleza, o próprio Rodolfo Teófilo foi responsável por mobilizar diversas iniciativas para ampliar a vacinação.
Ele chegou a produzir e distribuir as vacinas na capital e no interior, levando à reação de alguns setores da elite que se refletiram em ataques à eficácia do antídoto.
Operários encontraram dezenas de ossadas em vala comum no bairro Jacarecanga. O local era um cemitério histórico onde foram sepultadas as vítimas da epidemia