Campanha Abril Verde alerta para riscos do sedentarismo

Índice da doença aumentou durante a pandemia. Conselho Regional de Educação Física do Ceará (CREF5-CE) explica os efeitos

Escrito por Agência de Conteúdo DN ,
Legenda: Atividade física regular e orientada é fator de proteção para prevenção e o controle das doenças não transmissíveis
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O sedentarismo é uma doença e pode levar à morte. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 5 milhões de mortes por ano poderiam ser evitadas se a população global fosse mais ativa.   

A preocupação das autoridades em saúde pública é ainda maior durante a pandemia. No Brasil, de acordo com Projeto ConVid, da Fiocruz, 62% dos brasileiros deixaram de fazer qualquer tipo de exercício desde a chegada da Covid-19. Por isso, o mês de abril é agora de combate ao sedentarismo.   

A luta é levantada pelo Conselho Federal de Educação Física (Confef), junto com os Conselhos Regionais (CREFs), com a Campanha Abril Verde de combate ao sedentarismo. A ideia é alertar a população para o fato de que a prática de atividade física de maneira regular e sob orientação profissional é um fator chave de proteção para prevenção e o controle das doenças não transmissíveis (DNTs).  

“Devido ao aumento no consumo de alimentos de alto valor energético e a diminuição da prática de atividade física pela população, temos visto o quadro de obesidade cada vez maior”, observa Andréa Benevides, presidente do CREF5-CE. “Isso é muito preocupante, porque é um fator importante no desenvolvimento de várias doenças, entre elas diabetes, hipertensão, cardiopatias e até mesmo alguns tipos de câncer”, argumenta.  

Legenda: Andréa Benevides, presidente do CREF5-CE
Foto: Divulgação

As doenças crônicas são os efeitos do sedentarismo a longo prazo. Mas os sinais de um corpo em estado sedentário são sentidos a curto e médio prazos, como explica Welton Godinho, presidente da Comissão de Educação Física e Saúde do CREF5-CE. “Normalmente, a pessoa começa a ter alguns problemas na disponibilização ou transferência de energia, como a gente chama na área esportiva, para atividades que eram fáceis de fazer e começam a gerar muito cansaço e dores. Lavar o carro, por exemplo, pode demandar mais tempo e deixar a pessoa bem mais exausta do que ficava em outro momento”.  

Saúde pública  

A inatividade física não apenas afeta o indivíduo, mas toda a saúde pública. De acordo com estudo recente realizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), o sedentarismo causa gastos de até R$300 milhões ao SUS, somente com internações.   

Para a presidente do CREF5-CE, quando uma população é ativa, há um impacto positivo nos gastos associado à gestão do serviço da rede básica. “O incremento da atividade física de uma população contribui decisivamente para a saúde pública, com forte impacto na redução dos custos com tratamentos, inclusive hospitalares”, pontua.   

Andréa Benevides observa ainda que a prática de atividade traz benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais que repercutem em toda a sociedade. "Vários estudos científicos têm mostrado grandes benefícios sociais e econômicos pela considerada redução das faltas ao trabalho, aposentadorias precoces, maior produtividade, como decorrência da adoção de uma vida ativa”.  

Grupos de risco  

De acordo com a OMS, na população global, 27,5% dos adultos são sedentários. Entre os jovens, a situação é ainda mais grave: 81% dos adolescentes não atendem às recomendações para atividade física. “É um alto índice de risco”, analisa a presidente do CREF5-CE. “Estudos têm afirmado que hábitos de atividade física na adolescência determinam parte dos níveis de atividade física que a população vai assumir na fase adulta”, completa.  

“As pessoas nasceram e evoluíram através de seu movimento, por isso, é preocupante como as gerações estão ficando inativas”, avalia Welton Godinho. Ele aponta ainda a preocupação com os dois grupos que estão nas pontas da população: o de crianças e o idosos.  

“Às pessoas idosas, pelo acúmulo de anos em hábitos alimentares e físicos, estar em estado sedentário pode lhes custar alguns anos, diminuir a qualidade de vida e a independência”, explica. Nas crianças, a inatividade física pode lhes custar prejuízos à saúde ao longo da vida. “A infância é um muito importante para a pessoa ter o maior repertório motor possível. Tem vários estudos que comprovam que a criança ativa tem mais possibilidade de virar um adulto ativo também”, destaca o profissional.  

Legenda: Atividade física prazerosa e que proporciona convívio social melhora qualidade de vida
Foto: shutter

Cada movimento conta  

Como explica Welton Godinho, “atividade física é qualquer movimento que aumente o seu consumo energético”. Ou seja, hábitos como subir escadas ao invés de usar o elevador, passear com o cachorro, lavar o carro, varrer a casa já aumentam esse consumo energético. Mas para tirar do sedentarismo, a OMS recomenda pelo menos 300 minutos de atividade física por semana.   

E não apenas o tempo de atividade importa, mas a qualidade do exercício. “É importante que seja prazeroso para a pessoa, tanto pelo convívio com o grupo que é formado, ou pelos objetivos estéticos, de saúde que a pessoa tem”, afirma Welton.   

O acompanhamento do profissional de educação física também conta para quem deseja não apenas sair do sedentarismo, mas alcançar objetivos específicos. “Quando a pessoa quer conquistar determinados objetivos através da atividade física, o ideal é que não tente fazer isso por conta própria, porque é preciso estudo para você prever quando certos benefícios vão chegar pra você. Fica sempre a recomendação de procurar um profissional de educação física registrado no Conselho Regional de Educação Física e ter os melhores benefícios que a atividade física pode trazer”, finaliza.  

 

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