A imunização contra a Covid chegou há pouco mais de um mês aos braços dos pequenos cearenses - no dia 15 de janeiro -, mas 4.136 deles já estão com o esquema vacinal completo. O Vacinômetro da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) também mostra que metade da meta do público infantil recebeu a primeira dose da proteção com dados atualizados na quinta-feira (24).
Pelo menos 24 municípios já aplicam a segunda dose (D2) em crianças, mas o cenário pode ser maior a ser representado em nova atualização. Isso acontece mais cedo para algumas crianças porque o intervalo entre as doses da Coronavac, autorizada para a imunização de pessoas a partir de seis anos, é de 21 a 28 dias.
Granja, na região norte do Ceará, já aplicou a segunda parte da imunização em 900 crianças e, por isso, aparece em primeiro lugar no Vacinômetro. Lá, as famílias comparecem de forma satisfatória aos pontos de vacinação, como observa a secretária da saúde do município, Conceição Domingues.
“Os agentes de saúde fazem a busca ativa e estamos fazendo mutirões em todos os PSF (Postos de Saúde da Família)”, completa. Os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) também dão apoio na procura por quem ainda não recebeu a vacina.
Conceição explica que as equipes atuam em lugares diferentes e aos fins de semana para dar maior comodidade às famílias. “Nosso município é extenso, mas nós já fizemos de uma ponta a outra, de Tiaia até Ubatuba”, frisa.
São 5.401 granjenses entre cinco e 11 anos, dos quais 3.610 receberam a D1 - o que corresponde a 66,83% do público alvo. “Já estamos programando para a próxima semana, sempre buscando fazer esse cronograma e atender a população com mais agilidade”, propõe.
O esforço para garantir a imunização completa dos pequenos também mobiliza as equipes de Catunda, no Sertão dos Inhamuns, onde 296 D2 foram administradas no público infantil.
"Nós estamos fazendo a busca ativa das crianças que ainda não se vacinaram, muitas delas porque apresentavam sintomas gripais no dia, mas já estão cadastradas e aguardando passar o período", analisa Rogério Mendonça, secretário da saúde do município.
São feitas campanhas em redes sociais e na rádio local sobre a relevância da vacinação, além da busca ativa pelo público infantil, como menciona o gestor. "Fizemos um mutirão em cada unidade de saúde, tentando vacinar o maior número de crianças, com a quantidade de vacinas que nós tínhamos disponíveis no município", acrescenta.
A meta oficial de Catunda, com base nas estimativas populacionais, é de 1.019 crianças, mas devido à ausência de Censo atualizado pode haver distorção. O secretário da saúde informou que pediu a revisão da meta com base nas matrículas de crianças da faixa etária.
Com os números atuais, 87,43% das crianças já receberam a primeira dose do imunizante, com 891 aplicações. “A gente também se preocupou em contratar mais técnicas de enfermagem para as salas de vacina, principalmente, das unidades onde tem a população maior, as duas da sede e a do distrito de Paraíso, um território maior”, detalha.
A médica pediatra Vanuza Chagas ressalta a necessidade dos responsáveis por crianças de completar o cadastro e comparecer aos pontos conforme o agendamento. Entre os benefícios da D2, maior proteção contra casos graves e contra a Covid longa.
"É preciso a consciência da população para que esse ritmo continue acelerado, nós entramos numa baixa incidência agora de casos de Covid, melhora nos quadros de síndrome gripal, mas é importante que as pessoas não se descuidem", frisa.
As crianças com sintomas de gripe devem fazer o teste para identificar a possibilidade de contaminação pelo coronavírus. “No caso de confirmação, o intervalo é o mesmo dos adultos: 30 dias após o início dos sintomas para que seja feita a vacina. No caso das síndromes gripais, 48 horas após a regressão dos sintomas a vacinação já deve ser feita”.
Quem teve o filho contaminado
A farmacêutica Caroline Benevides levou o filho Pedro Vinicius, de 7 anos, para receber a segunda dose da vacina contra a Covid com a esperança de viver “dias mais tranquilos e seguros, não só para as crianças, mas para todo mundo”, como define.
Valentim, irmão do Pedro, foi contaminado pelo coronavírus por duas vezes e precisou de atenção médica em novembro de 2020.
“Só quem teve um filho hospitalizado, tomando injeção para dor e passando por esse caos que é viver dias sem saber o que o vírus pode causar, principalmente numa criança, sabe a importância dessa vacinação”, relata Caroline sobre o filho de dois anos.
A segunda dose para o meu filho é uma renovação de esperança de dias mais tranquilos e mais seguros longe desse vírus. Para mim, traz mais segurança não só no retorno às aulas, mas no contexto geral, porque eu saio para trabalhar. Meu filho corria o risco mesmo em casa, porque eu poderia trazer contaminação para casa
Caroline acompanhou o filho com segurança para completar a proteção contra a Covid, porque o menino não chegou a apresentar nem mesmo febre. “Eu tive receio quanto às reações quando ele foi tomar a primeira dose, mas a alegria de ver ele imunizado se sobressaiu”, lembra.
Já o pequeno Valentim ainda deve esperar um pouco mais até receber o imunizante liberado apenas a partir dos cinco anos. “Aguarda com muita esperança no coração, tanto no da mamãe quanto no dele, o dia em que ele vai poder ser vacinado também, porque quando chegar na idade ele vai ser um dos primeiros na fila”, destaca.
Vanuza Chagas defende o esquema vacinal como importante para o retorno às aulas e na volta da convivência das crianças em atividades de socialização e de estímulos para o desenvolvimento.
"É um ganho enorme para a criança ter a vida de volta, esse esquema vacinal completo garante, como para os adultos, que mesmo tendo a Covid-19 não tenham casos graves", completa.