Chuvas no Ceará devem resultar em aumento de 30% na produção de plantas ornamentais

Em três anos, a Câmara Setorial projeta igualar as cifras obtidas antes do período de estiagem no Ceará: 5 milhões de dólares em exportação

O ano de 2022 caminha para ser um dos mais chuvosos dos últimos 10 anos, no Ceará. A previsão é de que o volume pluviométrico acumulado supere a média histórica (800,6 mm), igualando-se, assim, à 2020 e 2019, como os únicos anos a superarem este índice desde 2011. Na prática, essas chuvas trazem benefícios que vão além da recarga hídrica nos açudes. Elas contribuíram, também, para impulsionar a produção de flores no Estado que deve crescer cerca de 30%.

A projeção de crescimento, em comparação ao ano anterior, foi realizada pelo produtor, exportador e presidente da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais, Gilson Gondim. Em 2021, foram exportados o equivalente a 600 mil dólares.

Agora, o setor projeta, agora, exportar 780 mil dólares ao fim do ano. Esse salto tem relação direta com os bons volumes hídricos que vêm sendo contabilizados desde o ano passado no Ceará.

"O Ceará tem uma grande vantagem que é a luminosidade do sol, que são em torno de 1.200 horas de sol por ano. Isso é muito bom, e quando se tem água da chuva, o Estado se torna imbatível", explica Gilson.

Ainda conforme o representante da Câmara Setorial, o aporte aos reservatórios cearenses e, também, à reposição da água nos mananciais - inclusive as subterrâneas - garante "tranquilidade aos produtores, que se sentem mais seguros para investir nesta importante cultura".

A importância destaca por Gilson pode ser corroborada por números. Um hectare de milho ou feijão, por exemplo, rende cerca de R$ 5 mil ao produtor. Esta mesma área, quando produzindo flores ou plantas ornamentais, possibilita retorno financeiro de R$ 100 mil.

"É uma cultura muito importante para o Ceará. Nos últimos anos, devido à seca, estivemos em baixa, mas a projeção é de retomada", acrescenta Gondim.

Antes de 2013 o Estado exportava cerca de 5 milhões de dólares, conforme estimativa da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais. A partir daquele ano, período em que teve início a estiagem no Estado, este faturamento teve queda drástica.

"Retomamos no ano passado, com 600 mil dólares exportados. Agora, vamos elevar em 30% e, nos próximos anos, trabalhamos com novos crescimentos", projeta, otimista. A maior parte da produção, do Ceará, é exportada para os Estados Unidos e Europa. 

Novas variedades

De olho no bom volume hídrico da maioria dos reservatórios cearenses - atualmente o volume médio de armazenamento é de 37,6%, melhor índice desde 2013 - a Câmara Setorial já planeja diversificar a variedades das plantas ornamentais. Há um projeto, já em andamento, cujo objetivo é cultivar variedades exclusivamente voltadas para a exportação.

"O Brasil é um grande consumidor de plantas e flores. Ou seja, sobra pouco a exportar. Para se ter uma ideia, a Colômbia exporta mais de 1 bilhão de dólares por ano. Um valor muito acima do Brasil, que exporta cerca de 20 milhões de dólares. Portanto, agora com essas boas chuvas, queremos investir em novas variedades para exportação", detalha Gilson.

O Ceará é o principal produtor de flores e plantas ornamentais do Nordeste. Esse é um mercado que gosta de novidades. Essa diversificação pode ser transformadora para o Estado.
Gilson Gondim
Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais

Em três anos, a Câmara Setorial projeta igualar as cifras obtidas antes do período de estiagem no Ceará. "Queremos chegar a 5 milhões de dólares exportados em meados de 2025", completa Gondim. Para que esta projeção de crescimento se edifique, é fundamental a manutenção das chuvas nas próximas quadras chuvosas, assim como fora em 2021 e, também, neste ano.

"Toda produção da floricultura é por sistema de irrigação, não há possibilidade de ser por sequeiro, por isso a importância das chuvas", pontua o presidente da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais. Esse retorno da exportação em massa pode levar ao Ceará a retomar o posto de 2º maior exportador do Brasil em que o Estado ocupava até 2012.