69 das 184 cidades do Ceará já registraram óbitos de crianças por Covid desde o início da pandemia

164 jovens com menos de 12 anos já morreram por complicações do novo coronavírus

Um vírus que não distingue sexo ou faixa etária. Assim é o SARS-Cov-2, que já matou mais de 25 mil cearenses. Dentre essas vítimas, estão 164 crianças com menos de 12 anos. Desde o início da pandemia, 69 municípios do Estado já registraram óbito em decorrência da Covid-19 nessa faixa de idade.

Em 2020, 37 crianças perderam a vida após se infectarem pelo vírus. No ano seguinte, mais que o dobro: 99 morreram por complicações da doença.

Neste início de 2022, o número já representa 75% de todas as mortes registradas em 2020 e quase 30% dos óbitos de todo o ano passado. Até esta quinta-feira (17), 28 crianças já tinham sido vítimas da Covid-19. Os dados são da Secretaria da Saúde (Sesa) do Estado, levantados pelo Diário do Nordeste por meio da plataforma IntegraSus. 

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Estes números, segundo especialistas, acendem o alerta para a importância da vacinação, "sobretudo para as crianças que possuem algum tipo de comorbidade", conforme destaca o médico intensivista da UTI pediátrica do Hospital Santo Antônio, em Barbalha, Walden Neto.

Ele destaca algumas doenças que aumentam o risco de complicações caso o jovem seja infectado pela Covid-19, como "doenças cardíacas, dificuldades respiratórias e síndrome genéticas". 

A também pediatra Vanuza Chagas reforça a "necessidade da vacinação" em crianças ainda que o número de óbitos seja inferior às demais faixas etárias.

A médica aponta ainda para a possibilidade de sequelas irreversíveis nos jovens infectados e reforça que o risco está posto mesmo "para os jovens sem comorbidades". 

Novas variantes

Diante do surgimento de novas variantes e subvariantes, como é o caso da Ômicron BA.2, que possuem alta capacidade de transmissibilidade, a pediatra Vanuza Chagas explica que a maior vulnerabilidade está entre aqueles não vacinados ou com o esquema vacinal incompleto.

Diante desta observação, a médica externa a necessidade de uma mobilização dos pais ou responsáveis para que façam o cadastro das crianças e estas estejam aptas a se vacinar.

"As pessoas não vacinadas são as mais propensas a complicações, então é importante buscar essa vacinação para que o mais rápido essas crianças e adolescente sejam protegidas ou, pelo menos, não desenvolvam quadros graves caso venham a se infectar, como aconteceu na população adulta", acrescentou. 

Outro fator que corrobora, na avaliação da pediatra, a necessidade da aplicação do imunobiológico deste grupo, é a mudança de padrão nos casos de infecções verificado nesta mais recente onda.

Vanuza detalha que as crianças estão se infectando mesmo com os pais testando negativo, o que coloca esses jovens como "o primeiro paciente da casa a manifestar sintomas, ainda que leve, e após isso, os demais membros da família se infectam".

Essa transmissão do vírus dos jovens para os adultos, como exemplificou Vanuza, é uma possibilidade existente mesmo que eles estejam vacinados. O médico pediátrico Walden Neto lembra que "infelizmente a vacina não evita 100% da propagação do vírus, mas impede os agravamentos e internações nos hospitais, o que já é muito importante". 

Entre ambos os especialistas, um consenso: apenas a vacinação ampla e acelerada será capaz de reduzir a circulação do vírus na sociedade e pôr fim à pandemia. 

É importante que toda a população seja vacinada, isso passa também pela vacinação do adolescente e principalmente da criança. Só dessa forma podemos ter uma perspectiva de fim ou de diminuição de circulação de novas variantes do coronavírus.
Vanuza Chagas
Pediatra

De acordo com dados do Vacinômetro, plataforma oficial da Secretaria da Saúde (Sesa) do Estado, 384.661 crianças entre 5 a 11 anos tomaram a primeira dose (D1). O número representa 42,5% da meta estipulada, que é de 904.624 jovens.