Páscoa

Hoje, o calendário marca o Domingo de Páscoa - celebração que não ocorrerá nem antes de 22 de março, nem depois de 25 de abril -- e penso que é a data mais importante para os povos católicos, depois do nascimento de Jesus Cristo. Na verdade, a celebração vem antes da chegada do filho de Deus. A palavra "páscoa", a propósito, origina-se do hebreu "Peseach" e significa "passagem". Era vivamente comemorado pelos judeus segundo o Antigo Testamento e remonta a um incidente de passagem pelo Mar Vermelho, que ocorreu pelo menos dois mil anos antes de Cristo, quando Moisés conduziu o povo hebreu para fora do Egito, então escravizados, para a justa libertação.

Segunda a tradição judaico-cristã, o profeta realizou diversos prodígios após uma Epifania. Libertou o povo judeu da escravidão no Antigo Egito e diante desta ocorrência firmou a Páscoa. Fato é que chegando às margens do oceano vermelho, os judeus, perseguidos pelos exércitos do faraó, teriam que proceder a imediato retorno, isto é, atravessar o mar às pressas e não havia mais tempo para fuga, com a certeza de que todos seriam dizimados pela espada cruel dos algozes, portanto, esquartejados, transformados em dízimos.

Na ocasião, Moisés levantou seu bastão e, orientado por Deus, as ondas se abriram, formando duas paredes de água, então congeladas, que ladeavam um corredor enxuto, por onde a multidão passou rapidamente, sem ser molestada pelas águas neutras da morte, nem pela cavalaria, composta de violentos soldados, os quais de longe só observavam o acontecimento milagroso, quando o profeta promoveu mais tarde o êxodo de seu povo pelo árido deserto, durante quarenta anos.

Na era cristã, Jesus também festejou a mesma Páscoa ao cear com seus discípulos, mas em outras circunstâncias. Condenado à morte na cruz e, logo, sepultado, ressuscitou três dias após, num domingo, como o de hoje. Segundo a religião católica, a ressurreição de Jesus Cristo é o ponto central e mais importante da fé. É através dessa ressurgência que Jesus prova que é filho de Deus e que a morte não é o fim da criatura. Aliás, o temor dos apóstolos em razão da morte de Jesus, na Sexta-feira santa, transformou-se em esperança e júbilo. Foi a partir desta revelação que eles adquiriram força para continuar anunciando a mensagem do Senhor. Por isso, ao longo de todos esses séculos, os cristãos do mundo inteiro comemoram a Páscoa, renovando-se, através da ressurreição de Cristo, a fé religiosa e anunciação de um novo tempo.