O terremoto de Pacajus

Há exatos 25 anos ocorreu em nosso Estado o maior terremoto da Região Nordeste. O epicentro deste evento foi registrado na localidade de Brito, no município de Cascavel, fronteira com o município de Chorozinho. O fenômeno aconteceu no dia 20 de novembro de 1980, por volta da meia noite, e sua magnitude foi de 5,2 na Escala Richter. Os moradores de Fortaleza também dão notícia deste acontecimento. Na ocasião, muita gente desceu dos seus apartamentos sem saber ao certo o que estava acontecendo e só algum tempo depois é que tomaram conhecimento, através dos meios de comunicação, de que se tratava de um tremor de terra. Esse evento ainda é lembrado como ´O terremoto de Pacajus´.

Nessa região existe uma atividade sísmica que perdura há praticamente 15 anos, apresentando magnitudes e intensidades variadas. Os sismógrafos instalados no Estado do Ceará registram todo e qualquer movimento sísmico provocado por tremores de terra. De fato, na atualidadade, o Ceará é o Estado que apresenta uma das sismicidades mais expressivas no contexto da Sismicidade Brasileira. Os sismógrafos instalados em nosso Estado podem facilmente demonstrar isso. Algumas vezes, as magnitudes registradas chegam perto de 3 graus (igual, ou superior) na Escala Richter, o que é, sem dúvida, um fator de preocupação, pois sismos de magnitudes superiores podem ocorrer, gerando intensidades VII na Escala Mercalli Modificada, como foi o caso, em 20/11/1980, quando muitas casas foram danificadas.

Na região em que os terremotos acontecem com mais freqüência, os moradores são testemunhas vivas dessas ocorrências. Os depoimentos catalogados são os mais variados: algumas pessoas saem correndo de suas casas quase nuas, outras, se estão dormindo, acordam sobressaltadas e, assim, são muitas as histórias contadas e constatadas. É indescritível a sensação de pavor que toma conta dessa gente quando se verifica a ocorrência de um evento dessa natureza. Apesar de todos os avanços da ciência, ainda não é possível prever os terremotos. Portanto, temos que encarar os fatos e enfrentar um grande desafio: preparar a população para conviver com o fenômeno e qualificar gerações futuras para saber lidar com a questão.

Uma regra básica em sismologia diz que, onde ocorreu um terremoto uma vez, outro terremoto de igual magnitude poderá voltar a acontecer a qualquer hora do dia ou da noite, tratando-se apenas de uma questão de tempo. Passado o terremoto (quebra de rochas em subsuperfície), quando ocorre a liberação repentina de energia de deformação acumulada ao longo dos anos, o ciclo de acúmulo de energia inicia-se novamente, pressionando as rochas, até que um dia elas voltam a se romper novamente, liberando bruscamente toda energia elástica acumulada ao longo de muitos anos. Portanto, terremotos acontecem duas vezes no mesmo lugar, é só uma questão de tempo.

Francisco das Chagas Brandão Melo
Pedagogo, chefe do Laboratório de Sismologia da Defesa Civil do Estado do Ceará