Editorial: Distanciamento físico

Por mais duas semanas, o Ceará seguirá a política de isolamento social, adotada desde o começo da crise do coronavírus no Ceará, conforme a prorrogação do Decreto Estadual relativo às ações de enfrentamento à doença. A extensão dos dias sob regras de restrição a atividades e circulação de pessoas foi anunciada, no fim de semana, pelo governador Camilo Santana, em comunicação remota, como pede o período. Desta forma, seguem fechados todos os estabelecimentos do Estado, à exceção daqueles que prestam serviços considerados essenciais, como farmácias, hospitais, clínicas veterinárias, postos de combustíveis e supermercados.

A justificativa do Governo do Estado é que, diante dos riscos da pandemia, a medida é necessária, não havendo alternativas mais brandas e igualmente eficientes. A decisão foi "tomada com base em estudos científicos com o objetivo de proteger a vida dos cearenses", nas palavras do chefe do Executivo estadual.

De fato, a decisão tomada pelo Palácio da Abolição está em acordo com a crueza dos fatos, não segue a pressões e vontades que, no momento, poderiam agravar a crise. Segue um padrão adotado em todo o mundo, se alinha com as recomendações do Ministério da Saúde e com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Não se trata, obviamente, de uma promessa de dias fáceis. As restrições foram impostas ao cidadão sem que este, em regra, tenha conseguido se preparar adequadamente para o período. Contudo, a condição extraordinária do momento explica por que não foi possível dar esse prazo às pessoas. A adoção rigorosa dos cuidados recomendados se reflete na preservação de mais vidas. Corre-se contra o tempo.

Seguir as determinações quanto ao isolamento social, nos próximos dias, é previdente e benéfico tanto para quem cumpre as medidas de distanciamento físico, ficando o máximo possível restrito à sua residência, com interações presenciais mínimas; como para aqueles que, dada à natureza de seus ofícios, precisam estar desempenhando suas atividades em seus locais de trabalho.

A mensagem das equipes médicas segue válida e precisa: "Nós estamos aqui por vocês. Fiquem em casa por nós". Os exemplos que se vê mundo afora são de efeitos positivos deste exercício de resiliência. A necessidade é imperativa; e as circunstâncias, extraordinárias.

Sem que haja um guia, capaz de antever todas as situações, o enfrentamento do novo coronavírus tem demandado ajustes e inventividade. Cuidados que não eram observados há uma semana, estão na pauta do dia. Experimenta-se, observa-se, muda-se - o objetivo, contudo, permanece, debelar o contágio, frear a propagação da doença e tentar garantir que as unidades de atendimento médico hospitalar sejam capazes de atender à demanda.

Tal disposição deve animar não apenas a gestão pública, na linha de frente do combate à pandemia, mas também instituições e cidadãos. Manter-se atualizado, informado e criativo faz a diferença, não apenas no âmbito pessoal, mas naquele que é o foco de todas estas ações: o social. Há de se buscar formas que ajudem à prevenção, que contribuam para a manutenção da saúde mental, sob ataque nesta situação tensa, e equacionar as dificuldades econômicas.