Editorial: Crescimento econômico

As constantes revisões nas projeções dos indicativos econômicos deste ano dão uma mostra dos desafios do setor. Nas eleições passadas, a recuperação da economia foi um dos temas mais debatidos, dada a crise que estende desde 2015, com impacto negativo em todos os setores da sociedade. O Ministério da Economia revisou sua projeção de crescimento do País para o ano. E o novo cálculo não é positivo.

A estimativa anterior era que se avançasse 1,6%. O número agora é de 0,8%. Para o segundo trimestre do ano, a expectativa é que o ritmo continue lento, chegando à alta de 0,5%, em comparação ao trimestre anterior. A previsão de inflação para 2019 permanece estável, devendo fechar em 3,9%.

Os dados do boletim Macro Fiscal confirmam a projeção divulgada, no fim do mês passado, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A pesquisa apontava uma recuperação lenta no segundo semestre do ano, seguida de uma aceleração do crescimento da economia em 2020. O PIB fecharia com alta de 2,5% - no boletim do Ministério, o índice é mais modesto: 2,2%.

Além dos dados, o documento traz texto que reitera o discurso do ministro Paulo Guedes, para quem a recuperação do Brasil depende fundamentalmente da aprovação da reforma da Previdência. O Governo Federal ambicionava aprovar uma versão para viabilizar a economia de R$ 1 trilhão em uma década; mas depois a passagem do projeto pela Câmara do Deputados, onde foi modificado, é certo que não se chegará a esta marca. Detalhe importante: tanto a projeção otimista do Ipea, quanto a divulgada pelo Ministério da Economia levam em conta um cenário em que estejam valendo as regras de uma Nova Previdência, que fique em conformidade com os planos do Governo de contenção de gastos.

Da forma que o Governo Federal tem pensado a economia, a reforma da Previdência desempenha papel determinante da sustentabilidade da política fiscal para os próximos anos. O mercado já demonstrou que as mudanças previdenciárias são essenciais para a melhora das expectativas e aumento da confiança.

A centralidade da reforma da Previdência, para os planos do Governo, não deve ser pensada como a salvação absoluta. A recuperação do investimento público exigirá medidas adicionais. Reduzir o crescimento das despesas obrigatórias é uma das recomendações do Ipea.

O Governo precisa encontrar saída e traçar planos viáveis para que o Brasil possa se recompor. Há gastos que, mesmo fora do radar, merecem ser repensados, não necessariamente no sentido de cortes. É o caso dos recursos consumidos em decorrência de acidentes de trânsito. O volume chega perto de R$ 200 bilhões anuais. Em princípio, são situações evitáveis e, por isso, apostar em ações que promovam um trânsito mais saudável, em acordo com as leis e demais normas de segurança é um investimento com evidentes ganhos humanos e econômicos.

Superar as adversidades, que já se prolongam por quase meia década, requer planos complexos, capacidade de adaptação e ações em diversas frentes. Estas passam por ajustes capazes de melhorar a eficiência da máquina pública, sem perder de vista seu propósito: o bem-estar da população.


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