Editorial: Caminho da parceria

O somatório entre técnicas construtivas e de fiscalização de gastos públicos pode determinar melhorias à mobilidade no Ceará, considerando vias urbanas e as rodovias. Isso implicará, se de fato se obtiverem resultados satisfatórios, mais robustez à economia e mais segurança a quem se movimenta como transportador ou como passageiro. Tem-se aí, então, relevante perspectiva de associação de elementos, que repercute em campos como o da saúde pública e o da constituição familiar.

Sob a denominação de “Ciência e Inovação na Infraestrutura Viária do Ceará”, projeto que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a Universidade Federal do Ceará (UFC) elaboraram deve ser iniciado ainda neste mês com o objetivo de avaliar a qualidade da pavimentação asfáltica nas estradas cearenses. Considerando os altos custos que os empreendimentos de pavimentação e manutenção de vias impõem ao contribuinte, por meio dos órgãos públicos, a preocupação é de fato muito pertinente.

O TCE anunciou que um projeto-piloto já está pronto para ser implementado em estrada ainda em obras, o que possibilitará margem de segurança mais larga aos estudos. E lembra que uma certa “assimetria” que teima em se colocar entre atores da cena pública tende a ser eliminada a partir de articulações dessa natureza.

Afirme-se, sem sombra de dúvida, que parcerias assim podem ter efeitos multiplicadores e serem replicadas em locais e contextos distintos o que, quando ocorre, geram dividendos sociais inquestionáveis. Primeiro, pelas consequências mais imediatas que podem ter. Depois, por valores como os avanços acadêmicos, que podem advir com o desenvolver das ações. 

Mesmo que possa parecer ironia, não é descabido observar que há nos bastidores da proposta a intenção de tornar o asfalto mais transparente. 

Por isso mesmo, é devido notar nesse contexto que o Governo do Estado tem a previsão de investir até o fim deste ano R$ 219,402 milhões na recuperação de 59 trechos rodoviários, somando 1,731 mil quilômetros em diferentes regiões. Não é um gasto rotineiro. Afinal, trata-se de programa de recuperação de estradas lançado um julho último, buscando contemplar sobretudo aquelas que foram intensamente danificadas pela temporada chuvosa deste ano.

O montante programado é significativo e não há dúvida de que poderia ter sido menor na hipótese de que tivesse havido mais qualidade da produção de asfalto e na aplicação nas vias. Isso, certamente, vale para as áreas urbanas dos 184 municípios cearenses, assim como para as estradas que o ligam, por meio das quais escoam as produções de setores diversos, assim como se movimenta parte expressiva do fluxo turístico.

Não se tem estimativa precisa do quanto de prejuízos financeiros provocados por pavimentação ruim possam ter causado nos últimos meses aos cearenses, assim como não se tem apurado convenientemente o quanto os acidentes automobilísticos tenham provocado contra vidas e contra patrimônios. 

O que se pode dizer, sem risco da leviandade, é que os prejuízos são muitos e em frentes distintas. E, se não forem contidos com o que as ciências disponibilizam, não se limitarão a período de chuvas.