Editoria: Prioridade absoluta

Repete-se, nos corredores do poder e entre os setores fortes da economia, que a Previdência é uma questão urgente e sua reforma, uma prioridade absoluta. É assim que o Governo Federal a trata e, mesmo sem ter sido listada entre as ações prioritárias para os 100 primeiros dias da atual gestão, monopolizou boa parte das atenções do chefe do Executivo, Jair Bolsonaro, e de sua cúpula de homens de confiança. Mas à administração, a organização e o método são imperativos. O País demanda ações rápidas, precisas e contundentes e mais de uma frente. Afinal, reformar a Previdência deve ser um meio, não um fim em si.

Dos pontos que merecem atenção e tratamento prioritário, destaca-se a Educação. Este se coloca como urgente não por conta de alguma crise inesperada, como a irrupção da violência das facções que se viu, no Ceará, no começo do ano; ou pela culminância de um processo de degradação, como foi o caso da matemática do déficit previdenciário. O caso da educação é histórico. Sua situação precária que soma séculos de incômodo, com consequências nefastas de toda ordem, incluindo nas esferas econômica e política.

No Brasil, há mais de 11 milhões de analfabetos - e este número, importante salientar, refere-se apenas a pessoas com idade igual ou superior a 15 anos. Dificilmente, o País conseguirá atingir o objetivo de erradicação do analfabetismo, que consta do Plano Nacional de Educação (PNE), estabelecido em 2014 e que aponta diretrizes, metas e estratégias para política educacional até 2024.

As dificuldades econômicas estão na raiz do abandono escolar. Em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o principal motivo citado para a interrupção dos estudos é o trabalho (39,7%) e o terceiro, a necessidade de cuidar de pessoas ou de afazeres domésticos (11,9%). Mais de 40% dos estudantes abandonam o ensino médio sem se formar.

O índice de crianças de 6 a 14 anos que frequentam regularmente a escola chega próximo aos 100%, mas nem sempre isso implica em um ensino de qualidade e em aprendizado condizente com a faixa etária do estudante. De cada 10 alunos matriculados no ensino médio, 7 têm nível insuficiente em português e matemática, segundo os critérios aceitos pelo Ministério da Educação.

São problemas graves de base. E sob uma base frágil, é inviável que se erga uma estrutura robusta. O preço que o País paga é alto. A falta de uma formação adequada, em acordo com padrões de referência mundiais, tem impacto mesmo na saúde pública - sem leitura e interpretação de texto, como se pode entender campanhas de prevenção dos mais diversos males, por exemplo?

Nos 100 primeiros dias do Governo de Jair Bolsonaro, o Ministério da Educação foi um dos destaques, mas não pelos motivos almejados. Houve um entra e sai de profissionais no segundo escalão, atritos desnecessários e, por fim, a demissão de um ministro. O novo titular da Pasta, o economista Abraham Weintraub, tem na atuação de antecessor uma cartografia do que deve ser evitado. Em especial, o gosto pela polêmica e por questões de pouca relevância. A área é complexa, exige concentração, método e trabalho duro. E pressa, para deixa no passado o que pertence a ele: uma educação precária.


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