Editorial: Atenção à retomada

Começa hoje uma semana determinante para o enfrentamento da Covid-19 no Ceará. O período de transição para a reabertura das atividades profissionais e econômicas consideradas não essenciais servirá de termômetro para o Governo do Estado. Se estará atento à disciplina e ao compromisso de instituições e cidadãos com as medidas determinadas por decreto pelo Palácio da Abolição. O ciclo antecede, no plano apresentado na última semana, outras quatro outras fases. Ao cabo delas, a quase totalidade do setor econômico terá sido reativado.

A medida é importante, afinal, junto à crise sanitária chegou sua contraparte econômica, cujos efeitos se fazem sentir em toda a sociedade. No entanto, não se pode interromper o processo de estabilização do número de novos casos da doença no Estado, conquistado ao cabo de mais de dois meses de enfrentamento da pandemia, com seguidos períodos de isolamento social. Os índices atuais ainda inspiram preocupação e não permitem relaxamento de novos hábitos, como o reforço na higienização de mãos e objetos, o uso de máscaras e o distanciamento mínimo entre as pessoas. Portanto, é imprescindível a atenção aos protocolos estabelecidos pelo Governo do Estado para ordenar este período. O plano foi elaborado para garantir segurança sanitária, mesmo com maior circulação de pessoas.

Também deve prevalecer um espírito de civismo, responsabilidade e solidariedade. A retomada não é um moto-contínuo. Pode ser alterada e suspensa. Se vai ser executada da forma que foi idealizada, vai depender do envolvimento de cada um, ao se evitar trânsitos desnecessários e ser rigoroso em suas medidas higiênicas.

Espera-se, igualmente, que instituição alguma não se tome como casos excepcionais, aos quais não se aplicam os protocolos de segurança. Não se imagina que o retorno, parcial e progressivo, seja o ideal necessário ao pleno restabelecimento da economia. Mas se assim é feito deve-se à compreensão, embasada na ciência, de que a prudência do momento presente será fundamental o futuro - e que este tempo vindouro de nova normalidade chegue o quanto antes. Não é, portanto, prejuízo, mas investimento.

Importante lembrar que, enquanto o Ceará inicia sua fase de transição para reabertura econômica, sete municípios precisarão adotar medidas de isolamento rígido. Nessas cidades, foram registrados mais de 7 mil casos da Covid-19 e um número crescente de óbitos. O Governo do Estado ainda recomendou mais rigor nas ações de combate à pandemia em outras 55 cidades cearenses, tanto no interior como na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

O caminho até a superação das crises - sanitária e econômica - ainda será longo, como se tem visto pelos exemplos de outros países nos quais a Covid-19 chegou e se instalou antes de entrar no Brasil. Os passos dados devem ser celebrados, mas de forma sóbria e responsável, para que não se retarde ou mesmo se interrompa a travessia destes tempos difíceis. Não se pode perder de vista a gravidade da situação, nem que há caminhos melhores e mais seguros de deixá-la para trás. Trata-se de uma decisão, coletiva, demanda o uso da razão, individual e socialmente, e o exercício da mútua responsabilidade.


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