Acupuntura não é religião

A Acupunturiatria está fundamentada em princípios da fisiologia e da fisiopatologia dos corpos humanos e de animais.

O mecanismo de ação da Acupuntura funciona a partir da inserção da agulha que estimula terminações nervosas presentes na pele e nos tecidos subjacentes, principalmente nos músculos. Esses estímulos seguem pelos nervos periféricos até o sistema nervoso central (medula e cérebro), o que faz liberar diversas substâncias químicas conhecidas como neurotransmissores que desencadeiam uma série de efeitos importantes, tais como, analgésico, antiinflamatório e relaxante muscular, além de uma ação moduladora sobre as emoções, os sistemas endócrino e imunológico e sobre várias outras funções orgânicas.

Tudo isso tem sido investigado no decorrer dos últimos cinquenta anos, por meio de uma literatura científica extremamente bem documentada. No entanto, suas primeiras intervenções ocorreram há milhares de anos, na antiga China, baseadas em metodologias empíricas.

Isso demonstra a eterna busca humana de descrever e explicar os fenômenos relacionados à saúde, à doença e aos tratamentos médicos, e que inevitavelmente vai utilizar códigos de linguagem da civilização em que se está vivendo. Isso nada tem a ver com religião, com crenças sobrenaturais, com suposições teológicas ou com práticas religiosas.

O mesmo acontece com nossa contemporânea linguagem e forma racional de descrever os fenômenos gerais e concernentes à medicina: usamos, até hoje, códigos e sistemáticas aristotélicas, formulados quatro séculos antes da Era Cristã. Isso não significa que nosso pensamento médico e científico atual seja “pagão”, ou baseado em crenças religiosas gregas antigas.

Assim, a acupuntura surgiu há milênios, sendo então descrita com uma linguagem histórica de época; e, atualmente, é também descrita com o discurso contemporâneo. Seus efeitos terapêuticos independem dessas descrições e falam de sua eficiência por si próprios; numa futura civilização, descreveremos a ação da acupuntura utilizando os códigos de linguagem e os novos avanços do conhecimento das épocas vindouras.


Assuntos Relacionados