Banhistas devem seguir atentos à presença de águas-vivas na orla de Fortaleza; saiba como evitar

Presença do animal se deve às condições ambientais

Escrito por Luana Severo e Lucas Falconery ,
Águas vivas
Legenda: As chuvas e as altas temperaturas do Oceano facilitam a reprodução de águas-vivas no litoral cearense
Foto: Fabiane de Paula

Quem frequenta a orla de Fortaleza deve seguir atento, neste mês, à presença de águas-vivas no mar. O cenário ainda demanda cuidados de banhistas porque as condições ambientais, como as chuvas e o aquecimento do Oceano Atlântico, permanecem, o que favorece a reprodução e a consequente "infestação" do animal no litoral cearense.

Na manhã desta quinta-feira (2), dois nadadores teriam sido queimados por águas-vivas próximo ao espigão do Náutico, na Beira Mar. Os homens foram socorridos pelo cabeleireiro Jô Rabelo, 37, que estava em um treinamento funcional na faixa de areia quando viu os banhistas "se batendo", como se estivessem convulsionando.

O cabeleireiro relatou que os dois estavam tendo espasmos e que teriam sido queimados no pescoço. Eles chegaram a acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas, devido a uma demora, Jô teria decidido levar a dupla por conta própria para o hospital. "Parecia uma convulsão, faltei ficar louco", desabafou ele.

"Está cheio de água-viva [no mar]. Lotado, lotado. Só que ele [um dos nadadores queimados] disse que não acreditava, que era mentira", acrescentou o cabeleireiro.

Segundo Marcelo Soares, pesquisador e professor no Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), a "infestação" de águas-vivas na orla da capital cearense se mantém porque, desde o último janeiro, a Cidade "está com mais de 16 semanas [seguidas] com calor acima da média, e a previsão é que, em maio, continue". "É exatamente esse efeito combinado: chuva, baixos ventos e altas temperaturas. Isso não mudou. As condições ambientais não mudaram até agora", reforçou ele.

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Sintomas de queimaduras por águas-vivas

Em março deste ano, o Diário do Nordeste publicou que, naquele momento, as águas-vivas do tipo Chrysaora lactea eram as mais presentes no litoral — o animal é o que mais causa irritações fortes na pele. A Physalia physalis, conhecida como caravela, também costuma aparecer na região, mas mais no segundo semestre do ano. Além dessas, há, ainda, a presença da Chiropsalmus quadrumanus, que pode ocasionar riscos mais sérios à saúde.

O Ministério da Saúde explica que o contato com tentáculos cnidários (grupo destes animais) pode causar ardência e dor intensa no local, numa duração de 30 minutos a 24 horas. Contudo, podem surgir outros sintomas, especialmente em crianças e animais grandes, como:

  • Cefaleia;
  • Mal-estar;
  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Espasmos musculares;
  • Febre;
  • Arritmias cardíacas.

À época da publicação da matéria, o pesquisador Marcelo Soares explicou que os tentáculos dos animais geram veneno, e, em contato com a pele, podem causar lesões e problemas nos sistemas nervoso e muscular. "Algumas pessoas têm choque anafilático ou reações alérgicas pesadas", acrescentou o professor.

Orientações para evitar acidentes com águas-vivas

  • Evite áreas onde há presença de águas-vivas e caravelas;
  • Pergunte ao guarda-vidas sobre a presença destes animais no local;
  • Não toque nos animais, mesmo mortos;
  • Use calçados para caminhar na praia e evite pisar nos tentáculos dos animais;
  • Use roupas de mergulho que cubram grande parte do corpo em esportes náuticos;
  • No Ceará, o Corpo de Bombeiros atua nos casos de acidentes com águas-vivas e podem auxiliar as vítimas para os primeiros socorros.
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