Pessoas decidem mudar de vida antes da virada do ano; confira histórias

Entrar na academia, casar, largar o emprego. Quando há desejo de transformação, os últimos dias do ano podem ser os ideais para reflexão e transformações na rotina

Escrito por Ana Beatriz Farias , beatriz.farias@tvdiario.tv.br
Legenda: Naiara Castelo Branco e Renato Viana se casaram dia 29 de dezembro
Foto: FOTO: NATALIA DANTAS

Muito mais que antevéspera do último dia do ano, 29 de dezembro marcou o início de uma nova vida para Naiara Castelo Branco e Renato Viana. Os médicos optaram por casar na reta final de 2018, na contramão do rumo seguido por muitos, que, a esta altura, preferem esperar o ano virar para realizar mudanças que interfiram tão radicalmente na rotina.

Para o casal, a data bem próxima à virada de ano foi a melhor possível. Juntos desde 2015, eles noivaram no ano passado e, desde que deram esse passo, estavam decididos a não prolongar muito o período de preparação para o casamento.

Uniu-se a esse desejo de casar logo o fato de que a irmã da noiva vai morar fora do País no início de 2019. Com tudo isso, o feriadão de ano novo foi o empurrãozinho final para que fizessem a opção pela data: "ela já estava de recesso, eu já estava de férias. Minha família é do Rio Grande do Norte, e a dela, do Ceará, por isso tinha que ser perto de um feriado. Como o ano já estava acabando e não tinha mais feriado, a gente resolveu em outubro que ia casar em dezembro", explica Renato.

Marcar uma festa tão importante em uma data próxima ao Réveillon trouxe controvérsias, alguns nem puderam garantir a presença: "tem gente que achou ruim, gente que já estava com viagem programada, tem quem adiou a viagem e vai viajar só depois", conta Naiara.

Renato lembra, com humor, dos questionamentos feitos depois do anúncio da data: "nossa, já? Por que tão rápido? No final do ano? Vixe, véspera do ano novo?". No entanto, nada abala o contentamento do casal, que já entrará em 2019 em nova etapa. "É um novo ano e um ano em que a gente vai começar uma nova vida", celebra Renato.

De dentro pra fora

"Eu nunca fui de esperar a segunda-feira para começar algo. Quando eu resolvo é pra hoje", afirma assertivamente a gerente de relacionamento Nathália Tupan, que também receberá o ano que chega de braços abertos e rotina já renovada. Três motivos a levaram a repensar a alimentação, que costumava ser desordenada e feita de modo improvisado, e a rotina de exercícios, que era inconstante e sem resultados eficazes: "primeiro o meu peso, que aumentou muito. Segundo, eu tenho refluxo e gastrite, então quase tudo que eu ingeria não me fazia bem, porque eu comia mal e fora de hora".

A terceira razão que guiou Nathália em direção a uma vida mais saudável foi o receio dos reflexos ruins que os hábitos que tinha podiam trazer à velhice: "eu tinha muito medo de chegar num ponto que não tivesse mais volta, que quisesse regrar minha alimentação mais velha e não fosse suficiente, depois de tanto tempo que passei comendo errado e sem me exercitar".

A insatisfação se transformou em movimento e, de repente, Nathália decidiu mudar de hábitos. "Foi muito dentro de mim mesmo. Eu nunca fui muito determinada pra essas coisas e foi literalmente do dia pra noite". O novo ciclo que se iniciou incluiu a reeducação alimentar, com acompanhamento nutricional, e a inclusão de exercícios no dia a dia corrido de Nathália, que muitas vezes sai de casa antes das seis da manhã para conseguir praticar musculação. Os benefícios já podem ser sentidos. "Na primeira semana de reeducação alimentar, já percebi que mudou completamente. Há 20 dias que eu não sei o que é azia".

Para além das dificuldades inerentes a qualquer mudança, Nathália teve que abraçar o desafio de encarar as confraternizações e festejos do fim do ano com outros olhos, já que a oferta de comida costuma ser diversa nesse período. "Eu estava pensando que não era a hora por causa do período de festas, em que há muita confraternização, mas eu realmente vi que, se deixasse o ano virar, seriam vários quilos que eu ganharia nesse mês e que, por mais que de vez em quando eu saia da dieta ou falte a academia, qualquer coisa que eu fizesse diferente já ia ajudar", explica.

Mudança de rota

Foi justamente focando na importância das decisões tomadas e das mudanças feitas para o início de um novo momento de vida que a publicitária Patrícia Castelo Branco optou por recalcular suas rotas. Há mais de quatro anos trabalhando sem parar, ela decidiu encerrar esse ciclo no mercado profissional, para reavaliar e dar novos rumos à carreira que está construindo, no último dia 14. A dúvida entre pedir as contas no fim do ano e esperar até 2019 veio, mas não foi suficiente para frear a decisão maturada há algum tempo.

"Eu acho que a gente sempre entra nesse conflito, principalmente para encerrar um ciclo tão grande, né? Mas eu também me perguntei 'por que não? Por que eu tenho que terminar esse ciclo só no próximo ano? Por que a gente se apega tanto a começar coisas novas só no começo de ano? Por que eu tenho que esperar o ano virar para mudar minha vida? Posso mudar agora'".

A reflexão levou a publicitária, que atualmente faz pós-graduação, a bater o martelo, sair do trabalho em que estava e, na mesma levada, já iniciar cursos online nas áreas de neurociência e marketing, posicionamento digital e "branding" e marketing pessoal. "Já estou começando novos hábitos, novos projetos. Tudo agora, para em janeiro já estar iniciado e só seguir".

Com um sorriso no rosto, daqueles que só tem quem não se arrependeu da decisão tomada, Patrícia conta que hoje incentiva outras pessoas a terem posturas que expandam as possibilidades profissionais. "Falo pra todo mundo começar, porque é algo muito bacana, a ir atrás de novos conhecimentos, sair um pouco dessa nossa bolha, só da nossa área, e ver outras opções, ter outras visões de mundo".

Tirar do papel

Segundo a psicóloga Felícia dos Santos, os ritos de passagem que marcam o calendário tradicional, de certa forma, motivam fazer esses balanços emocionais de suas conquistas ao longo do ano. "Mas tem pessoas um pouco mais ousadas e empreendedoras emocionalmente que não esperam para cumprir suas metas e durante todo o ano realizam esse processo de maneira plena, sistemática e contínua", pontua.

Para aqueles que querem tirar os planos da esfera subjetiva, algumas atitudes podem ajudar. "A dica é focar em tudo que você conseguiu durante o ano e não nos 10% que ficaram faltando. Rever os planos, refazer as rotas, organizar a rotina e ter um quadro de micrometas, visível, num lugar que você acessa constantemente, para que você possa ter a certeza e a motivação de dar continuidade", aconselha Felícia.