Embaixador brasileiro se diz indignado com atenção da França à morte de Marielle
A manifestação se deu em resposta a cartas da senadora Laurence Cohen, do Partido Comunista francês, e da deputada Christine Pirès, do Partido Socialista, que pediam esclarecimentos sobre o andamento da investigação do assassinato de Marielle
O embaixador do Brasil na França, Luís Fernando Serra, enviou uma carta a legisladoras francesas manifestando sua "profunda indignação" com o fato de o assassinato da vereadora Marielle Franco receber mais atenção do que o homicídio do prefeito de Santo André, Celso Daniel, e a facada contra o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro.
A manifestação se deu em resposta a cartas da senadora Laurence Cohen, do Partido Comunista francês, e da deputada Christine Pirès, do Partido Socialista, que pediam esclarecimentos sobre o andamento da investigação do assassinato de Marielle.
O embaixador afirmou às legisladoras que o crime contra Celso Daniel e o atentado contra Bolsonaro haviam sido tão graves quanto o de Marielle e não tinham recebido nenhuma manifestação. Serra manifestou sua "profunda indignação por tratamentos tão díspares em relação a casos" similares, segundo apurou a reportagem.
A senadora francesa Laurence Cohen publicou em seu Twitter parte da carta de Serra. "Lembro-lhe que os mandantes da tentativa de assassinato de Jair Bolsonaro, durante sua campanha eleitoral, também não foram identificados, ainda que o autor do crime tenha sido preso e colocado em uma instituição psiquiátrica. Este ato é, na minha opinião, tão sério quanto os outros crimes políticos mencionados aqui", escreveu o embaixador brasileiro.
⁉️ #QuemMandouMatarMarielle ⁉️
— Laurence Cohen (@LaurenceCohen94) February 3, 2020
Réponse de l'ambassadeur brésilien quand je demande à ce que lumière soit faite sur l'assassinat de #MarielleFranco:
⤵️⤵️⤵️
Il compare et regrette "avec une profonde consternation" le silence autour de "l'attentat contre la vie de Bolsonaro"! pic.twitter.com/N3VmgIhig3
"Assim, é com profundo pesar que observo que o assassinato de Celso Daniel e o ataque à vida de Bolsonaro não tiveram o mesmo eco na França que o assassinato de Franco, que foi até objeto de uma mobilização da Assembleia Nacional. Ficaria muito grato se você pudesse me explicar as razões desse silêncio."
Durante as tensões entre o presidente da França, Emmanuel Macron, e Bolsonaro, devido às críticas do francês à política ambiental brasileira após as queimadas na Amazônia, o embaixador brasileiro criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a imprensa.
Em entrevista a um programa no canal de TV France 24, Serra afirmou que no mandato de Lula houve incêndios muito mais graves na Amazônia que não foram divulgados, porque ele "é queridinho da imprensa".
"Preciso dizer uma coisa muito importante: em 2005 aconteceu a mesma coisa, aliás, pior. Você pode ir aos arquivos para ver, mas o presidente era Lula, queridinho da imprensa, então ninguém saiu espalhando o que estava ocorrendo na floresta. Ninguém disse que era culpa do Lula", afirmou.
Questionado pela jornalista da TV francesa se as atuais reações às queimadas na Amazônia seriam provocadas pela imprensa, Serra afirmou: "Claro, [Bolsonaro] derrotou a esquerda com 58 milhões de eleitores que eram contra Lula e seu partido. Mas a esquerda não admite perder eleições no Brasil".