Em áudios, Aldemir ameaça ex-namorada e relata agressão a Jamile: "dei um chute... ela ficou zonza"

Os arquivos de voz de Aldemir Pessoa foram enviados para a ex-namorada dele

Escrito por Redação ,
Legenda: Morte de Jamile aconteceu em 2019
Foto: Foto: Reprodução

O advogado Aldemir Pessoa Júnior revelou, em áudios enviados a ex-namorada e obtidos pelo Sistema Verdes Mares, ter agredido a empresária Jamile de Oliveira Correia. Nas gravações, ele também faz ameaças a atual ex-companheira e afirma que ela virou uma inimiga. (Ouça nos áudios abaixo)

Aldemir foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por feminicídio, lesão corporal, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo no caso Jamile. A atual ex-namorada tem medidas protetivas contra ele e afirma que o relacionamento foi marcado por episódios de agressão e até mesmo ameaças a parentes dela. 

Você é um comportamento muito parecido com Ana (inaudível). Aprendeu isso ai ou gosta de fazer ciúme. Não sei qual é a sua. Marrapaz! No dia que eu encontrei a r,,,.. da Jamile eu dei um chute no c.. dela que ela foi parar na p..., ela. Ela ficou zonza, tá certo? Me separei de você em menos de uma semana. Posso ter me fudido, mas podia tá muito bem. E eu não tenho medo de me arriscar. Então, por exemplo, eu fico quietinho aguentando, mas na hora que eu arrochar... Menina! Tu não tem noção.
Aldemir Pessoa Júnior
Advogado

Ameaças a ex

Em determinado trecho dos áudios, Aldemir Pessoa diz: "não é ameaça não, cara. É um aviso. Eu adoro a concorrência. Eu adoro a guerra. Eu sou o rei da guerra, eu adoro, eu amo. Eu rezo, porque eu amo o inferno. Vai te f... rapaz!.

"Viramos inimigos, ok? Viramos inimigo. Fique tranquila, que nos vamos ser mais inimigos ainda. Tá joia? Não se preocupe. Estou pronto para ser seu inimigo ok?",
Aldemir Pessoa Júnior
Advogado

Aldemir Pessoa ainda mandou mensagens com diversos xingamentos para a ex-namorada e ainda citou uma sociedade com a mãe dela.

"Você tem mãe. Sua mãe é minha sócia. Depois ela se entende com você. Tá bom? Fique tranquila. Nós temos uma pessoa que é uma interseção muito justa. Tá certo? E aí, eu vou usar ela... num precisa ser eu, num precisa te agredir. Tua mãe dando um murro na tua cara não tem problema nenhum, como ela já deu. Deu porque tu merece. Tá certo?", diz Aldemir Pessoa em áudio. 

O Sistema Verdes Mares procurou a defesa de Aldemir Pessoa, mas não obteve contato até a publicação desta matéria. Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) informou que o caso tramita em segredo de Justiça

Ao mesmo tempo, Aldemir Pessoa também possui processos administrativos disciplinares em andamento no Tribunal de Ética e Disciplina da OAB Ceará. "Tramitam em sigilo até seu término, em atenção ao art. 72, §2º do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil, só tendo acesso às suas informações as partes, seus defensores e a autoridade judiciária competente", declarou o órgão.

CASO JAMILE

Conforme denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), Aldemir é responsável pela morte da empresária Jamile de Oliveira Correia. Ele foi denunciado pelo feminicídio, lesão corporal, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo.

O crime aconteceu em agosto de 2019. Na época, o casal mantinha relacionamento conturbado.

Quando Jamile deu entrada no Instituto Doutor José Frota (IJF), a suspeita é que ela havia tentado suicídio. O caso foi comunicado à Polícia Civil, que passou a tratar o fato como feminicídio. A tese passou a ser considerada pelos investigadores comandados pela delegada Socorro Portela e o adjunto da distrital Felipe Porto.

Em setembro de 2019, um dos laudos da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) apontou que o DNA da empresária só foi encontrado na extremidade do cano da pistola calibre 380. De acordo com o laudo, no restante da arma foram encontrados material genético de Aldemir e do policial civil responsável por apreender o objeto parte da investigação.

No fim de setembro aconteceu a reprodução simulada dos fatos. O adolescente filho de Jamile participou da reconstituição, mas Aldemir não. Para o Ministério Público, "levando-se em consideração tudo apresentado na presente peça processual, bem como o comportamento do réu durante toda a investigação, a dúvida que resta é se, quando do novo ataque proferido por Aldemir, dentro do closet, ele agiu com dolo direto ou eventual em gerar a morte da vítima, não restando dúvida, pois, da existência do dolo". 

Legenda: A empresária Jamile Correia morreu por volta de 7h do dia 31 de agosto de 2019, no IJF
Foto: Foto: Reprodução

Sobre a acusação de fraude processual, o órgão apontou que Aldemir tentou atrapalhar a investigação inovando "artificiosamente, em elementos probatórios e informativos". Um dos fatos recordados na denúncia foi o momento que o acusado deu ordens ao porteiro do prédio residencial para que o porteiro limpasse as manchas de sangue e que a diarista limpasse todo o apartamento.

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