CV mandou 'salve' para advogados irem aos presídios do Ceará desmentir 'fake news' da Massa

O pedido do envio do comunicado partiu de uma mulher de apelido 'Cinderela'

Escrito por
Redação seguranca@svm.com.br
(Atualizado às 11:04)
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Legenda: De acordo com o membro da facção carioca, advogados de membros da 'Massa' começaram a ir aos presídios "divulgando falsamente que a Massa vinha tomando territórios".
Foto: Calvin Penna/TJCE

Nas ruas, a disputa de territórios para o tráfico de drogas entre as facções Comando Vermelho (CV) e Massa Carcerária (também conhecida como 'Neutros'). Dentro dos presídios, a tentativa de comunicar aos membros de cada organização "quem vem mandando mais".

O Comando Vermelho convocou por meio de um 'salve' que os líderes da facção carioca enviassem advogados aos presídios do Ceará com a 'missão' deles desmentirem  que determinadas áreas do Estado tenham sido tomadas pelos 'Neutros'. A ideia do comunicado era não enfraquecer a presença do CV dentro das unidades prisionais.

Um trecho do 'salve' está em uma denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) em um processo que tramita na Vara de Delitos de Organizações Criminosas, que teve como desfecho sentença proferida com a condenação de três acusados, nas últimas semanas.

O QUE DIZ O INFORMATIVO DA FACÇÃO CARIOCA:

"Viemos informar a todos os integrantes do CV principalmente os donos e os que tomam conta das áreas para os donos, que os os pouquinhos caras da massa se autointitulando crime neutro do estado do Ceará que os mesmos mandaram advogados em várias cadeias mandando dizer: que várias áreas no estado virou massa. E tentando confundir a cabeça dos Irmãos que estão no privado presos e tentando criar divisão na família. Portanto convocamos todos os donos, frentes e irmãos do Comando Vermelho do Ceará para que mandem advogados nas cadeias..." (sic)

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Foto: Reprodução

O comunicado foi encontrado pelos investigadores no celular de Francisco Diego Felipe de Oliveira, o 'Coringa'. Segundo a denúncia do MP, Francisco "é integrante da facção criminosa Comando Vermelho', exercendo, inclusive, certa posição de autoridade na organização, conforme se observa no registro de anotações da contabilidade da orcrim e na divulgação dos informativos emanados do alto escalão do 'CV'".

O MP expôs que nos registros de mensagens de textos trocadas pelo Whatsapp, Francisco além de negociar a venda de armas e drogas com o contato de nome 'Cinderela', identificada como Francisca Naiara Mendes de Andrade Feitosa, enviou a pedido da suspeita um 'salve' do CV.

De acordo com o membro da facção carioca, advogados de membros da 'Massa' começaram a ir aos presídios "divulgando falsamente que a Massa vinha tomando territórios".

Nos últimos anos, o Ceará registrou casos de advogados presos em posse de bilhetes, nas saídas das unidades prisionais. A prisão mais recente neste contexto foi a da advogada Valner Krislane Procópio dos Santos, flagrada pela polícia penal plantonista da Unidade Prisional Professor José Jucá Neto - UP Itaitinga 3, em abril do ano passado, portando um bilhete com anotações de conteúdo criminoso, que versava sobre valores e orientações sobre tráfico de drogas.

Na época, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que Valner atendia o interno Fabrício Mendes de Moraes, que integra uma facção criminosa carioca que atua no Ceará. Ao ser revistada pelos policiais penais, a suspeita tentou esconder o bilhete no bolso.

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OUTROS RÉUS

Na denúncia ofertada pelo MP em junho de 2023, tendo como alvos os membros do CV, o órgão trouxe que o relatório da Polícia Civil do Ceará (PCCE) contém ainda conversas entre diferentes interlocutores, com fotos e vídeos com referências ao comércio de drogas e armas. Segundo a acusação, Francisco Diego atuava na "comercialização de armas de fogo e drogas na região de Fortaleza e Sobral".

"Além de imagens, havia uma série de vídeos no aparelho celular que enalteciam a facção 'CV', bem como mostravam indivíduos portando armas de fogo de alto calibre e drogas. Em um screenshot feito a partir de anotações de um celular, havia o registro da contabilidade das movimentações feitas pela facção, contendo, inclusive, os nomes dos indivíduos e os valores praticados. Ainda, nota-se o registro de diversas contas bancárias que, possivelmente, são utilizadas pela facção 'Comando Vermelho'"

Outros homens foram denunciados no processo, posteriormente desmembrado. No último mês de dezembro, Antônio Eduardo Silva Barros, Francisco Wesley de Souza Costa e Leonardo Costa da Silva foram condenados por tráfico, associação para o tráfico, comércio ilegal de arma de fogo, organização criminosa. Todos eles também foram apontados como membros do Comando Vermelho.

Antônio recebeu pena de 21 anos e três meses de prisão, Leonardo 18 anos e três meses e Francisco Wesley 10 anos e três meses. Todos foram condenados ao regime inicialmente fechado. 

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