Clube reúne apaixonados pelo Opala

Legenda:
Foto: Fábio Lima
É comum ouvir dizer que brasileiro é apaixonado por carro. Mas, isto não significa que a paixão só se manifesta por automóveis modernos, luxuosos ou até impossíveis.

Há pessoas que trazem a paixão do seu passado. O carro, neste caso, é uma referência para que possam relembrar histórias que marcaram suas vidas. Outros, nem imaginam, mas podem se apaixonar por qualquer automóvel. Até mesmo por aqueles de uma época em que nem dirigiam ainda. Como explicar a paixão? Difícil, mas é bom saber que até mesmo um carro pode “flechar” um coração e, quando a pessoa atingida perceber, já estará totalmente envolvida.

Foi o que aconteceu há menos de dois anos com o auxiliar administrativo, Paulo José Ximenes Andrade. Ele era proprietário de um Escort e estava satisfeito, até o dia em que viu um Opala em uma revenda de veículos - o primeiro carro de passeio brasileiro da General Motors, nascido em 1968. Paulo nem estava pensando em trocar de veículo, mas ao ver aquele carro, sentiu que foi paixão à primeira vista. Enquanto tentava vender o Escort, passava em frente à loja onde estava o Opala só para vê-lo de longe. Logo, se desfez do seu automóvel por um valor irrisório e comprou o carro que estava “namorando”.

Encontrou mais dois conhecidos que também tinham Opala, no bairro onde mora, e formaram um grupo. Paulo colou um adesivo no carro: Clube do Opala e começou a freqüentar as pistas de arrancadas do Eusébio. As pessoas passaram a se interessar e, a partir de outubro de 2004, estava criado o Clube do Opala de Fortaleza.

Hoje, além do Opala Comodoro 1989, branco, quatro cilindros, Paulo tem também uma Caravan 1975, uma perua que, por fazer parte da família Opala, também entrou para o clube. Com tão pouco tempo de existência, o grupo cresceu. São 30 Opalas, duas Caravans e pessoas de várias idades e profissões que têm o mesmo objetivo: preservar a imagem desses carros que marcaram uma época. Eles deixaram de ser fabricados no ano de 1992.

“Queremos reunir pessoas que têm paixão pelo Opala, queiram interagir e, que juntos, possamos consolidar e propiciar o crescimento do Clube”, explica Paulo.

Ricardo Ulysses Medeiros, desde 1979 é proprietário de uma Caravan do mesmo ano, seis cilindros e está no Clube há três meses. Quem fez todos os contatos para que começasse a participar foi seu filho. Medeiros confessa que acreditava que as pessoas do clube não fossem sérias e estava evitando ceder à insistência do filho. “É totalmente diferente, as pessoas são sérias, responsáveis, não existem panelinhas e todos se ajudam. Observei muito para aceitar a participar”, conta.

Para ele, o Opala fez história. Lembra quando ainda era muito jovem e um senhor deixava seu Opala em um estacionamento no centro da cidade. Medeiros ficava aguardando o carro chegar para pedir ao proprietário que acelerasse só para ouvir o “ronco” do motor. “É um carro muito importante para a sociedade brasileira daquela época. Muitos o desejavam”, garante.

Papel importante para o clube também é desempenhado pelas “opaletes”, as namoradas ou esposas dos “opaleiros”. Elas sabem que não devem ver os carros como rivais e acompanham os encontros, incentivam e procuram divulgar o nome do clube. “Já que não podemos disputar, nos aliamos ao carro”, é o que garante a namorada de Paulo, a estudante Narjara Ricardo de Araújo.

A reunião dos integrantes do Clube é mensal. No último domingo de cada mês eles ficam no estacionamento do Ginásio da Parangaba das 15h às 17h. Para quem também é apaixonado pelos carros ou apenas quiser matar saudade de um tempo não tão distante, no próximo domingo (26) eles sairão do Ginásio da Parangaba e seguirão pelas ruas da cidade até chegar à Beira Mar, onde pretendem ficar estacionados por algum tempo para interagir com pessoas que gostam de carros.

Paixão feminina

O Clube não é formado apenas por “opaleiros” e “opaletes”. Há também uma “opaleira”, a funcionária pública Nelsenir Bandeira Felix. E olha que no caso dela, a paixão também surgiu de uma forma inusitada.

Ela conta que sempre gostou de carros grandes e com motor potente, porém, até o início do ano tinha um Chevette. Estava assistindo ao programa Marcas & Motores da TV Diário quando viu uma reportagem sobre o Clube do Opala. “Tenho que entrar para esse Clube”. Foi o primeiro pensamento que teve no momento em que assistia à matéria.

E não ficou apenas no pensamento. Imediatamente passou a procurar um Opala e, em menos de um mês, encontrou um Comodoro 1989, preto, seis cilindros. A primeira etapa estava vencida, restava apenas encontrar o Clube.

Lembrava que a reportagem dizia que alguns “opaleiros” freqüentavam as pistas de arrancada e não hesitou, lá estava ela no Eusébio procurando por eles. “Confesso que eu achava que teria barreira, mas as pessoas, ´opaleiros´ e ´opaletes´, são receptivas e maravilhosas”, diz.

Nelsenir participa de todos os encontros e para ela, o Clube é interessante para trocar idéias e melhorar o carro, uma vez que, por ser antigo, os contatos facilitam para encontrar peças para a manutenção do veículo. “No Clube, todos se ajudam”, garante.

Quanto ao carro, ela diz que não tem sensação melhor para dirigir e já recebeu oferta de compra. “Ele chama a atenção por onde passa, mas não vendo, não troco e não empresto. É o meu companheiro”, finaliza com muita convicção.

SERVIÇO: Contato: 8847-0399.
Site:
www.opalace.cjb.net